sábado, 31 de julho de 2010
"JORGE MAUTNER"
Jorge Mautner, nome artístico de Henrique George Mautner
(Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 1941) é um cantor, compositor
e escritor brasileiro.
Filho de Anna Illichi, de origem iugoslava e católica, e de Paul Mautner,
judeu austríaco, Jorge Mautner nasceu pouco tempo depois de seus pais
desembarcarem no Brasil:
"Eu nasci aqui um mês depois de meus pais chegarem ao Brasil,
fugindo do holocausto".
No Brasil, seu pai, embora simpatizante do governo de Getúlio Vargas,
atuava na resistência judaica. A mãe passou a sofrer de paralisia em razão
do trauma sofrido pela impossibilidade da irmã de Jorge, Susana, ter embarcado para o Brasil com a família. Assim, até os sete anos, Jorge ficou sob
os cuidados de uma babá, Lúcia, que era ialorixá e o apresentou ao candomblé.
Em 1948, seus pais se separam. Anna se casa com o violinista Henri Müller, que é a primeira viola da Orquestra Sinfônica de São Paulo. Anna e Jorge se transferem para São Paulo. Henri ensina Jorge a tocar violino. Jorge estuda no Colégio Dante Alighieri. Apesar de ótimo aluno, é expulso do colégio antes de concluir o 3º ano científico, por ter escrito um texto considerado indecente.
Mautner começa a escrever seu primeiro livro, Deus da chuva e da morte, aos 15 anos de idade. O livro foi publicado em 1962 e compõe, com Kaos (1964) e
Narciso em tarde cinza (1966), a trilogia hoje conhecida como
Mitologia do Kaos.
Em 1962, adere ao Partido Comunista Brasileiro, convidado pelo professor Mario Schenberg para participar, com José Roberto Aguilar, de uma célula cultural no Comitê Central.
Após o golpe militar de 1964, é preso. É liberado, sob a condição de se expressar mais "cuidadosamente". Em 1966, vai para os Estados Unidos, onde trabalha na Unesco e trabalha na tradução de livros brasileiros. Também dava palestras sobre esses livros para a Sociedade Interamericana de Literatura. A partir de 1967, passa a trabalhar como secretário do poeta Robert Lowell. Conhece Paul Goodman, sociólogo, poeta e militante pacifista anarquista da nova esquerda, de quem recebe significativa influência.
Em 1970, vai para Londres, onde se aproxima de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Volta ao Brasil e começa a escrever no jornal O Pasquim. Nesta época, conhece Nelson Jacobina, que será seu parceiro musical nas décadas seguintes.
Em 10 de dezembro de1973, no período mais duro da ditadura militar, participa do Banquete dos Mendigos, show-manifesto idealizado e dirigido por Jards Macalé, em comemoração dos 25 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Do espetáculo participam também Chico Buarque, Dominguinhos, Edu Lobo, Gal Costa, Gonzaguinha, Johnny Alf, Luis Melodia, Milton Nascimento, MPB-4, Nelson Jacobina, Paulinho da Viola, Raul Seixas, entre outros artistas. Com apoio da ONU, o show acontece no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, transformado em "território livre", e resulta em álbum-duplo gravado ao vivo. O disco foi proibido durante seis anos pelo regime militar e liberado somente em 1979.
Em 1975, nasce sua filha Amora (com a historiadora Ruth Mendes).
Em 1987 lança, com Gilberto Gil, o movimento "Figa Brasil" no show O Poeta e o Esfomeado. Figa Brasil ligado ao movimento Kaos, voltado à discussão de questões ligadas à cultura brasileira.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
" ROGÉRIO DUPRAT "
Rogério Duprat (Rio de Janeiro, 7 de fevereiro de 1932 — São Paulo, 26 de outubro de 2006) foi um compositor e maestro brasileiro. Um dos maiores responsáveis pela ascensão da Tropicália, personalizando o som do então emergente movimento musical com arranjos bem elaborados, criativos e perfeitamente antenados com as tendências internacionais da época.
Duprat se iniciou na música por acaso. Seus primeiros instrumentos foram o violão, o cavaquinho e a gaita de boca que tocava "de ouvido". Posteriormente teve formação erudita, participando de orquestras como a Orquestra de Câmara de São Paulo, da qual foi membro fundador em 1956. Duprat foi aluno de Karlheinz Stockhausen na Alemanha junto do músico norte-americano Frank Zappa.
Em 1963, ao lado do também maestro Damiano Cozzella, Duprat usou um computador IBM 1620 da Escola Politécnica da USP para compor uma peça intitulada Klavibm II. A experiência era inédita no Brasil e pode ser encarada como precursora da chamada música eletrônica. Duprat ainda foi professor da Universidade de Brasília, da qual saiu junto com vários colegas devido à intervenção do governo militar na Universidade.
Mudou-se para São Paulo em 1934 e nos últimos anos viveu em um sítio em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo.
Rogério Duprat é mais conhecido pelo seu envolvimento com o movimento tropicalista no final da década de 60. A intenção do maestro era romper com as barreiras entre a música erudita e a música popular. Duprat arranjou canções de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Os Mutantes, Gal Costa, Nara Leão, entre outros. O maestro ficou conhecido como o "George Martin" da Tropicália.
Nos anos 70, Duprat trabalhou com Walter Franco e o grupo O Terço, além de produzir jingles publicitários. Com a progressiva perda da audição, o maestro foi se afastando do meio musical e se manteve recluso em seu sítio em Itapecerica.
Sofrendo de mal de Alzheimer e câncer de bexiga, Duprat foi internado no dia 10 de outubro. O quadro evoluiu para insuficiência renal, levando-o a falecer. Seu velório ocorreu no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, e o corpo foi cremado no dia 27 no crematório da Vila Alpina.
Uma curiosidade: Apesar do jeito pacato e do ar de senhor respeitável, o maestro não tinha limites para suas invenções. Quando o AI-5 baixou sobre a classe artística nacional, ele produziu o famoso disco branco de Caetano Veloso (1969), e como não dava para ser dito muita coisa, ele expeliu seus sentimentos de forma nada convencional: é só ouvir a faixa "Acrílico", e esperar chegar ao tempo de 1.39s, em meio a um caos sonoro ouve-se um pum, feito pelo próprio maestro. Um belo resumo do que ele pensava de tudo aquilo. "Quando ele me mostrou, achei aquilo estranho demais, mas como o respeitava muito não tive coragem de mandar mudar." Palavras de Caetano Veloso, em um documentário sobre a música brasileira dos anos 60.
domingo, 4 de julho de 2010
" TOM ZÉ "
Tom Zé, nome artístico de Antônio José Santana Martins (
Irará, 11 de outubro de 1936) é um compositor,
cantor e arranjador brasileiro.
É considerado uma das figuras mais originais da música popular brasileira,
tendo participado ativamente do movimento musical conhecido como Tropicália
nos anos 1960 e se tornado uma voz alternativa influente no cenário musical do Brasil. A partir da década de 1990 também passou a gozar de notoriedade internacional, especialmente devido à intervenção do músico britânico David Byrne.
Nascido em uma família abastada por conta de um bilhete premiado de loteria,
Tom Zé passa a primeira infância no sertão baiano. Depois transfere-se para Salvador para seguir estudos ginasiais. Mais tarde, ele diria que sua cidade natal era "pré-Gutenberguiana", pois sua música era transmitida por comunicação oral.
Adolescente, passa a se interessar por música e estuda violão. Tem alguma experiência tocando em programas de calouros de televisão nos anos 1960, e acaba entrando para a Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, que tem entre seus professores na época Ernst Widmer, Walter Smetak e o dodecafonista Hans Joachim Koellreutter.
Na mesma época, se alia a Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia no espetáculo Nós, Por Exemplo nº 2, no Teatro Castro Alves, em Salvador. Com o mesmo grupo, vai a São Paulo encenar Arena Canta Bahia, sob a direção de Augusto Boal, e grava o álbum definidor do movimento Tropicalista, Tropicália ou Panis et Circensis, em 1968.
Em 1968, leva o primeiro lugar no IV Festival de Música Popular Brasileira,
da TV Record, com a canção "São Paulo, Meu Amor".
Passou a década de 1970 e 1980 avançando ainda mais seu pop experimental em álbuns relativamente herméticos, sem atrair a atenção do grande público. No final dos anos 1980, é "descoberto" pelo músico David Byrne (ex-Talking Heads), em uma visita ao Rio de Janeiro, que lança sua obra nos Estados Unidos, para grande sucesso de crítica. Lentamente sua carreira vai se recuperando e Tom Zé passa a atrair platéias da Europa, Estados Unidos e Brasil, especialmente após o lançamento do álbum Com Defeito de Fabricação, em 1998 (eleito um dos dez melhores álbuns do ano pelo The New York Times). Tom Zé compôs, na década de 1990, música para balés do Grupo Corpo.
Em 2006 foi lançado o filme Fabricando Tom Zé, um documentário de Décio Matos Jr, sobre a vida e obra do músico.
Discografia Álbuns de estúdio
1968 Tom Zé - Rozemblit
1970 Tom Zé - RGE
1972 Tom Zé - Continental (relançado em 1984 como Se o Caso é Chorar)
1973 Todos os Olhos - Continental
1976 Estudando o Samba - Continental
1978 Correio da Estação do Brás - Continental
1984 Nave Maria - RGE
1990 Cantando com a Plateia
1992 The Hips of Traditions - Luaka Bop/Warner Bros
1997 Parabelo - Trilha sonora da Cia. de Dança Grupo Corpo (com Zé Miguel Wisnik)- Continental/Warner Music
1998 No Jardim da Política
1998 Com Defeito de Fabricação - Luaka Bop/WEA
2000 Jogos de Armar (Faça Você Mesmo) - Trama
2002 Santagustin - Trama
2002 20 preferidas - Trama
2003 Imprensa Cantada - Trama
2003 Jogos de Armar - Trama
2005 Estudando o Pagode-Segregamulher e Amor - Trama
2006 Danç-Êh-Sá - Pós-Canção/Dança dos Herdeiros do Sacrifício/7 Caymianas para o Fim da Canção - Tratore
2008 - Estudando a Bossa - Biscoito Fino
2010 - Pirulito da Ciência" - Biscoito Fino
Coletâneas
1990 The Best of Tom Zé - Luaka Bop/Warner Bros
1994 Tom Zé - Warner
Participações
1968 Tropicália ou Panis et Circensis - Philips
2002 Eu Vim da Bahia - BMG Brasil
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