terça-feira, 26 de outubro de 2010
"NOVOS BAIANOS"
O Novos Baianos foi um grupo musical brasileiro, ativo entre os anos de 1969 e 1979.
O grupo lançou oito trabalhos que viraram marcos no contexto da música popular brasileira. Influenciados pela contracultura e pela emergente Tropicália, Luiz Dias Galvão (Juazeiro, BA), Moraes Moreira (Antônio Carlos de Moraes Pires Moreira - Ituaçu, BA), Paulinho Boca de Cantor (Paulo Roberto de Figueiredo - Santa Inês, BA), Baby Consuelo (Bernadete Dinorah de Carvalho, mais tarde conhecida como Baby do Brasil - Niterói, RJ) tocam juntos pela primeira vez em Salvador, no show “Desembarque dos Bichos Depois do Dilúvio”, em 1969. Ainda neste ano se inscrevem no “V Festival de MPB da TV Record”, com a música De Vera. Nas apresentações em palco e gravações, o grupo era acompanhado inicialmente pelo grupo “Os Leifs” , do qual faziam parte o guitarrista Pepeu Gomes e seu irmão baterista, Jorginho Gomes. Pepeu Gomes se casa com a vocalista da banda, Baby Consuelo, é incorporado definitivamente ao grupo e passa, juntamente com Moraes Moreira, a ter um papel de arranjador musical no Novos Baianos.
A história do grupo começou em 1969. com o espetáculo “O Desembarque dos Bichos Depois do Dilúvio Universal”, no Teatro Vila Velha, em Salvador, Bahia, onde pela primeira vez juntos, se apresentaram Luiz Galvão, agronomo formado, Paulinho Boca de Cantor, ex-crooner da “Orquesta Avanço”, popular nas noites de Salvador, Moraes Moreira, a única não-baiana do grupo, a niteróiense Baby Consuelo, e Pepeu Gomes.
Moraes Moreira foi apresentado à Tom Zé, que era amigo de Galvão [2]. Baby Consuelo conheceu os dois (Moraes e Galvão)em um bar, enquanto passava as férias em Salvador. Mais tarde, Paulinho Boca de Cantor conheceu os três, e se uniu a eles. Dos membros que formariam o grupo mais tarde, apenas Pepeu Gomes era músico, e havia passado por diversas bandas. Nas apresentações em palco e gravações, o grupo era inicialmente pelo um quarteto, acompanhado pelo grupo ‘Os Leifs’, que depois teve seu nome mudado para A Cor do Som, do qual faziam parte o baixista Dadi, o baterista/percussionista Baxinho José Roberto Martins Macedo, o guitarrista Pepeu Gomes e seu irmão baterista, Jorginho Gomes. Pepeu Gomes se casou com a vocalista da banda, Baby Consuelo, e é incorporado definitivamente ao grupo, e ao lado de Moraes Moreira colabora de maneira como arranjador musical do grupo.
Em 1969 se inscreveram para o V Festival de Música Popular Basileria com a canção “De Vera”. A origem do nome surgiu em decorrencia a uma apresentação na Rede Record, quando ainda sem nome definido para o grupo, o coordenador do festival, Marcos Antonio Riso gritou “Chama aí esses novos baianos!”. Os Novos Baianos nunca foram controlados por gravadoras e empresários, tanto que quado foram para São Paulo, se apresentaram em diversos programas de televisão, extrapolando o tempo previsto.
O Auge
O primeiro empresário do grupo foi Marcos Lázaro, e a primeira gravadora foi a RGE, onde lançaram um compacto simples, “De Vera”/”Colégio de Aplicação”, e no ano de 1970 o primeiro long play, titulado de É Ferro na Boneca, que além de trazer as canções do compacto, e uma grande mistura de gêneros, foi tema dos filmes “Caveira My Friend” e “Meteorango Kid”. Apesar de tudo, o número de cópias vendidas do disco não foi tão extensa.
Com a desclassificação de “Vera” do Festival da Record, Os Novos Baianos resolveram seguir para o Rio de Janeiro. Lá, moravam todos juntos em quatro cômodos, o que fazia com que o entrosamento entre os músicos fosse muito grande. Em 1971, gravaram o segundo compacto simples, “Volta que o Mundo dá”, e receberam a visita de João Gilberto, que viria a influenciá-los com o samba[1]. Após a grande fusão de gêneros brasileiros, sugerida por João Gilberto, e a guitarra de Pepeu Gomes, surgiu o mais consistente e lembrado disco do grupo, Acabou Chorare, pela Som Livre; considerado o melhor álbum brasileiro da história segundo a revista Rolling Stone.
Em Jacarepaguá, alugaram um sítio apelidado de “Sitio do vovô”. Viviam de forma quase anárquica em pleno regime militar. Em uma nova gravadora, a Continental, lançam seu terceiro álbum de estúdio, Novos Baianos F.C., com inovações ritmicas e líricas. O disco ganhou um filme homônimo de Solano Ribeiro.
Os Novos Baianos se mudam novamente, desta vez para uma fazenda em São Paulo, a convite de um execultivo da Continental. Lá gravaram o quarto disco, Novos Baianos, mais conhecido por Alunte. O disco não vendeu tanto quanto os anteriores, o que levou ao desentendimento com a gravadora. A crise começou, Moraes Moreira, principal letrista da banda resolveu partir para a carreira solo.
O Declínio e fim
Desfalcados de Moraes Moreira, letrista principal ao lado de Galvão, o grupo faz de Pepeu Gomes o exemplo instrumental. O disco seguinte, Vamos pro Mundo, lançado ainda em 1974 pela Som Livre. As faixas instrumentais em choro, baião e samba eram o foco do disco.
Em 1976, o grupo assina seu contrato mais longo, de dois anos com a gravadora Tapecar. O primeiro álbum na gravadora, Caia na Estrada e Perigas Ver, investiu no samba, rock e Pandeiro e “Brasileirinho” de Waldir Azevedo. Em 1977 lançara Praga de Baiano, já enfraquecidos pelo processo inicial das carreiras solo de Paulinho, Pepeu e Baby. O disco trazia o trio elétrico, frevo, e bastante música instrumental. Tornaram-se atração dos trios-elétricos, e Baby Consuelo foi a primeira cantora desse tipo de evento.
O último trabalho, Farol da Barra (álbum) Farol da Barra, pela CBS, homenageia os compositores Ari Barroso e Dorival Caymmi, regravando “Isto Aqui O Que É?”, e “Lá Vem a Baiana”. O principal destaque do disco era a faixa-título, uma parceria entre Galvão e Caetano Veloso. No ano seguinte o grupo encerra suas atividades.
Reuniões posteriores
Em 1987, Baby, Pepeu e Paulinho se reuniram em uma apresentação única no Teatro Castro Alves.
Em 1990, a reunião completa de Baby, Paulinho, Pepeu e Moraes Moreira aconteceu em no trio elétrico nas ruas de Salvador. Neste mesmo ano, Pepeu e Moraes gravam um trabalho juntos.
A banda também se reuniu em meados da década de 1990 para uma apresentação com Marisa Monte, que apoiou o retorno do grupo aos estúdios, em 1997, o grupo reúne sua formação original e lançam o disco duplo: Infinito Circular.
Em 2009, durante o carnaval de Salvador, se reuniram novamente Paulinho, Baby e Pepeu para duas apresentações abordo do trio elétrico intitulado “Os Novos Baianos” a banda percorreu o circuito do Campo Grande até a praça Castro Alves arrastando inúmeros fãs . O trio contou, ainda, com a participação das filhas de Baby o grupo “SNZ” e de seu filho Pedro Baby;
Também em 2009 o grupo se apresentou na Virada Cultural, no palco localizado na Av. São João em São Paulo. O show foi visto por um milhão de pessoas no domingo (3/5) e foi considerado um dos melhores shows do evento. A apresentação contou com Baby do Brasil, Pepeu Gomes, Luis Galvão e Paulinho Boca de Cantor, da formação clássica. Moraes Moreira não tem se apresentado mais com o grupo Novos Baianos.
Discografia
Álbuns de Estúdio
* 1970 – É Ferro na Boneca (RGE)
* 1972 – Acabou Chorare (Som Livre)
* 1973 – Novos Baianos F.C. (Continental)
* 1974 – Novos Baianos (Continental)
* 1974 – Vamos pro Mundo (Som Livre)
* 1976 – Caia na Estrada e Perigas Ver (Tapecar)
* 1977 – Praga de Baiano (Tapecar)
* 1978 – Farol da Barra (CBS)
* 1997 – Infinito Circular (Globo/Polydor)
Compactos
* 1969 – “Colégio de Aplicação” / “De Vera”
* 1970 – “Volta que o Mundo dá”
* 1971 – “Psiu” / “29 Beijos” e “Globo da Morte” / “Mini Planeta Íris”
(Compacto Duplo)
* 1971 – “Dê um rolê” / “Você me dá um disco?” e “Caminho de Pedro” / “Risque” (Compacto Duplo)
* 1973 – “No Tcheco Tcheco” / “Boas Festas”
* 1973 – “A Minha Profundidade” / ” O Prato e a Mesa”
* 1976 – “Ninguém segura este País” / “Ovo de Colombo”
sábado, 2 de outubro de 2010
"LANNY GORDIN"
Alexander Gordin (Xangai, China, 28 de novembro de 1951),
mais conhecido como Lanny Gordin, é um instrumentista
(guitarrista) e compositor brasileiro.
Nascido em Xangai, de pai russo e mãe polonesa,
viveu em Israel até o seis anos, quando mudou-se para o Brasil.
Seu pai era proprietário da casa noturna paulistana Stardust,
onde Lanny se apresentou pela primeira
vez ao lado de Wanderléia, tocando violão.
Projeto Alfa
No ano de 2002 Lanny Gordin, junto aos músicos Fábio Sá (contrabaixo acústico), Guilherme Held (guitarra) e Zé Aurélio (timbatera -uma adaptação da timba com a bateria) forma o Projeto Alfa. O Projeto Alfa já gravou dois cds, pelo selo Baratos Afins. Os discos foram produzidos por Luiz Calanca, através do selo Baratos Afins, no Estúdio Guidon em São Paulo.
Discografia
2001 Lanny Gordin
2004 Projeto Alfa, volume I e II
2006 Duos
2007 Lanny duos
Participações
Lanny Gordin participou em várias álbuns de outros artistas, entre outros:
Vange Milliet, Gal Costa, Caetano Veloso,
Brazilian Octopus e Rodrigo Amarante.
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
"CAPINAN"
José Carlos Capinam, mais conhecido como Capinam ou Capinan
(Esplanada, 19 de dezembro de 1941) é um poeta,Letrista,
Escritor,Publicitário,Jornalista,Médico.
Filho de Osmundo Capinan e Judite Bahiana Capinan com mais 12 irmãos.
Começou a escrever poesia aos 15 anos.
Em 1960, mudou-se para Salvador, iniciando o Curso de Direito na Universidade Federal da Bahia. Por essa época, estudando também teatro no Centro Popular de Cultura, ligado à UNE, conheceu Caetano Veloso e Gilberto Gil, ambos cursando as faculdades de Filosofia e Administração de Empresas, respectivamente. Atuou na peça "Os fuzís da Senhora Cará", de Brecht, dirigida por Álvaro Guimarães.
No ano de 1963, escreveu e estreou a peça "Bumba-meu-boi", musicada por Tom Zé.
Em 1964 formou-se Artes Cênicas e Direito. Com o golpe militar, foi forçado a deixar Salvador, transferindo-se para São Paulo, indo trabalhar como redator publicitário na agência Alcântara Machado. Por essa época, conheceu Geraldo Vandré (que fazia jingles para a agência), além de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal (do Teatro de Arena) que o levaram para o meio musical de São Paulo. Logo depois foi apresentado a Edu Lobo.
Participou ativamente dos movimentos culturais da década de 1960: Centro Popular de Cultura (CPC), Feira da Música (Teatro Jovem, ao lado de Paulinho da Viola, Caetano Veloso, Torquato Neto e Gilberto Gil) e Tropicalismo, com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Os Mutantes, Nara Leão, Torquato Neto, Rogério Duarte, Rogério Duprat e Gal Costa.
Em 1965, foi co-autor, com Caetano Veloso e Torquato Neto, da peça "Pois É", interpretada por Gilberto Gil, Maria Bethânia e Vinicius de Moraes, no teatro Opinião, no Rio de Janeiro. Compôs com Caetano Veloso a trilha sonora do filme "Viramundo", de Geraldo Sarno, que contou também com a música-título "Viramundo", esta, composta em parceria com Gilberto Gil.
No ano de 1966, publicou o livro de poemas "Inquisitorial". Em seguida, voltou a Salvador, onde cursou Medicina, profissão que chegou a exercer por algum tempo.
Em 1967, com Torquato Neto, escreveu o programa de televisão "Vida, Paixão e Banana do Tropicalismo", interpretado por Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa, sob a direção de José Celso Martinez Corrêa.
Na década de 1970, foi co-editor ao lado de Abel Silva da "Revista Anima".
Em 1973, dirigiu e produziu o show de Gal Costa e Jards Macalé, no teatro Oficina, em São Paulo, e o espetáculo "Luiz Gonzaga, o Rei do Baião", no teatro Teresa Raquel, no Rio de Janeiro.
Em 1976, publicou poemas na antologia "26 poetas hoje", organizada por Heloísa Buarque de Hollanda. No ano seguinte, lançou pela editora Macunaíma "Ciclo de navegação Bahia e gente".
Em 1982 formou-se em Medicina, pela UFBA. Dois anos depois, estruturou a TV Educativa da Bahia, criando diversos programas para seu lançamento e em 1985 atuou como diretor da emissora.
Em 1986 foi nomeado Secretário Municipal da Cultura, de Camaçari (BA), passando a integrar o Conselho Nacional de Direito Autoral, do Ministério da Cultura (MinC), participando também de comissões de Divulgação Autoral
De 1987 a 1989, atuou como Secretário da Cultura do Estado da Bahia, e como presidente dos Fóruns Nacional de Secretários da Cultura e Estadual de Cultura. Neste mesmo ano editou três livros: "Inquisitorial" (reedição, o original é de 1967) e "Confissões de Narciso", pela editora Civilização Brasileira, além de "Balança Mas Hai Kai", pela editora BDA.
Em 1990, fez o show "Poeta, mostra a tua cara", tendo como convidados especiais Gilberto Gil, Paulinho da Viola e Geraldo Azevedo, no Jazz Club, no Rio de Janeiro.
No ano de 1995, relançou do pela Editora Civilização Brasileira, "Inquisitorial", seu livro de poemas, contou com ensaio crítico de José Guilherme Merquior, escrito em 1968 e publicado no livro "A astúcia da mímese" em 1969. No ano seguinte, em 1996, publicou "Uma canção de amor às árvores desesperadas", livro de poemas. Neste mesmo ano apresentou-se no projeto "Fala, poeta", acompanhado pelo grupo Confraria da Bazófia, em Salvador, Bahia.
Publicou também "Signo de Navegação Bahia e Gente" e "Estrela do Norte, Adeus".
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
" JÚLIO MEDAGLIA "
Júlio Medaglia (São Paulo, 1938) é um maestro e arranjador brasileiro.
O primeiro contato de Júlio Medaglia com um instrumento foi em casa, através de Magali Sanches, empregada doméstica da família, que mais tarde viria a se tornar atriz de radionovela. Pouco tempo depois, Júlio começaria a ter aulas de violino com uma prima de sua mãe, ex-violinista da orquestra do Cine Avenida. Posteriormente participou de uma orquestra de amadores, e conhece o então oboísta Isaac Karabtchevsky, que o leva para a Escola Livre de Música de São Paulo, criada em 1952 por um dos grandes mentores musicais da época, Hans-Joachim Koellreutter.
No final dos anos 1950, Koellreutter transfere-se para Salvador, no intuito de montar os Seminários de Música da Universidade da Bahia. Júlio Medaglia o acompanha e lá, se aperfeiçoa em regência, inicialmente coral e depois sinfônica. Em Salvador, é convidado pelo Diretor da Escola Superior de Música da Universidade de Freiburg, Artur Hartmann, para estudar regência na Alemanha.
Antes de deixar o país, em São Paulo, Júlio Medaglia ajuda o musicólogo teuto-uruguaio Francisco Curt Lange a divulgar, por meio de concertos, artigos e palestras, a redescoberta de importantes partituras do barroco mineiro.
Enquanto estudava na Europa, Júlio Medaglia também teve aulas de regência sinfônica em Taormina, com Sir John Barbirolli, um dos mais respeitados maestros do século XX.
Também participa de cursos ministrados por Stockhausen e Boulez durante os festivais de música contemporânea de Darmstadt. Em 1965, forma-se, com distinção, pela Academia de Freiburg, em regência sinfônica.
No final dos anos 1960, retorna ao Brasil e participa, com Solano Ribeiro, da organização dos Festivais da Record. Nessa época, participa de movimentos artísticos de vanguarda, entre os quais o da poesia concreta, "oralizando" poemas com os irmãos Campos - Augusto e Haroldo - e Décio Pignatari.
No final de 1967, escreve arranjo para a canção Tropicália, de Caetano Veloso, que marca o início do Tropicalismo.
Em 1969, é convidado, por um grupo de instrumentistas, para dirigir a orquestra Cordas de São Paulo. Com esse conjunto, viaja por várias cidades brasileiras, grava um disco (que inclui a restauração de uma obra de André da Silva Gomes, mestre de capela da cidade de São Paulo do início do século XIX) e faz um programa semanal na TV Cultura, que recebe, entre outros, o Troféu Roquette Pinto.
Nos anos 1970 teve um rapido relacionamento com a cantora Maysa.
Nos anos 1980, dirige, por quatro anos, o Teatro Municipal de São Paulo. Nessa época, além de ministrar cursos sobre trilha sonora na USP e na FAAP, participa no Rio de Janeiro, do "cinema marginal".
Sua participação como autor da trilha sonora e ator do filme O Segredo da Múmia rendeu-lhe os prêmios de "melhor trilha" no Festival de Gramado e de "melhor ator coadjuvante" pela Associação Paulista de Críticos de Arte.
Em 1987, inicia um programa diário na rádio Cultura FM de São Paulo (Pentagrama e, depois, Tema e Variações), trabalho que mantém, ininterruptamente, até os dias de hoje.
No início dos anos 1990, assume a direção artística do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e, em seguida, a regência titular da orquestra do Teatro Nacional de Brasília. Na mesma época, dirige o Festival de Inverno de Campos do Jordão e participa em grandes espetáculos cênico-musicais, como: Carmina Burana, de Carl Orff; a ópera Aida, de Verdi; a História do Brasil; e a ópera afro-brasileira Lídia de Oxum, de Lindembergue Cardoso e Ildázio Tavares.
No final da década de 1990, monta uma orquestra filarmônica de nível internacional, em plena floresta amazônica.
Atualmente, tem regido, como convidado, dentro e fora do país, e atua em diversos projetos culturais. Ensaísta e colaborador de vários periódicos brasileiros, tem livros publicados como tradutor e autor. É também responsável pelo programa "Prelúdio", na TV Cultura, que promove um concurso de jovens instrumentistas brasileiros. O vencedor recebe uma bolsa de estudos, por um ano, na Alemanha.
É membro da União Brasileira de Escritores e da Academia Paulista de Letras.
Júlio Medaglia eleito membro da Academia Paulista de Letras . VivaMúsica, 4 de dezembro de 2009.
Livros publicados
Música Impopular. Global. 2ª Edição
O Som como Parte da Narrativa. Análise Musical. A Orquestra. DVD.
Música, maestro!: do Canto Gregoriano ao Sintetizador. Globo, 2008.
sábado, 31 de julho de 2010
"JORGE MAUTNER"
Jorge Mautner, nome artístico de Henrique George Mautner
(Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 1941) é um cantor, compositor
e escritor brasileiro.
Filho de Anna Illichi, de origem iugoslava e católica, e de Paul Mautner,
judeu austríaco, Jorge Mautner nasceu pouco tempo depois de seus pais
desembarcarem no Brasil:
"Eu nasci aqui um mês depois de meus pais chegarem ao Brasil,
fugindo do holocausto".
No Brasil, seu pai, embora simpatizante do governo de Getúlio Vargas,
atuava na resistência judaica. A mãe passou a sofrer de paralisia em razão
do trauma sofrido pela impossibilidade da irmã de Jorge, Susana, ter embarcado para o Brasil com a família. Assim, até os sete anos, Jorge ficou sob
os cuidados de uma babá, Lúcia, que era ialorixá e o apresentou ao candomblé.
Em 1948, seus pais se separam. Anna se casa com o violinista Henri Müller, que é a primeira viola da Orquestra Sinfônica de São Paulo. Anna e Jorge se transferem para São Paulo. Henri ensina Jorge a tocar violino. Jorge estuda no Colégio Dante Alighieri. Apesar de ótimo aluno, é expulso do colégio antes de concluir o 3º ano científico, por ter escrito um texto considerado indecente.
Mautner começa a escrever seu primeiro livro, Deus da chuva e da morte, aos 15 anos de idade. O livro foi publicado em 1962 e compõe, com Kaos (1964) e
Narciso em tarde cinza (1966), a trilogia hoje conhecida como
Mitologia do Kaos.
Em 1962, adere ao Partido Comunista Brasileiro, convidado pelo professor Mario Schenberg para participar, com José Roberto Aguilar, de uma célula cultural no Comitê Central.
Após o golpe militar de 1964, é preso. É liberado, sob a condição de se expressar mais "cuidadosamente". Em 1966, vai para os Estados Unidos, onde trabalha na Unesco e trabalha na tradução de livros brasileiros. Também dava palestras sobre esses livros para a Sociedade Interamericana de Literatura. A partir de 1967, passa a trabalhar como secretário do poeta Robert Lowell. Conhece Paul Goodman, sociólogo, poeta e militante pacifista anarquista da nova esquerda, de quem recebe significativa influência.
Em 1970, vai para Londres, onde se aproxima de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Volta ao Brasil e começa a escrever no jornal O Pasquim. Nesta época, conhece Nelson Jacobina, que será seu parceiro musical nas décadas seguintes.
Em 10 de dezembro de1973, no período mais duro da ditadura militar, participa do Banquete dos Mendigos, show-manifesto idealizado e dirigido por Jards Macalé, em comemoração dos 25 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Do espetáculo participam também Chico Buarque, Dominguinhos, Edu Lobo, Gal Costa, Gonzaguinha, Johnny Alf, Luis Melodia, Milton Nascimento, MPB-4, Nelson Jacobina, Paulinho da Viola, Raul Seixas, entre outros artistas. Com apoio da ONU, o show acontece no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, transformado em "território livre", e resulta em álbum-duplo gravado ao vivo. O disco foi proibido durante seis anos pelo regime militar e liberado somente em 1979.
Em 1975, nasce sua filha Amora (com a historiadora Ruth Mendes).
Em 1987 lança, com Gilberto Gil, o movimento "Figa Brasil" no show O Poeta e o Esfomeado. Figa Brasil ligado ao movimento Kaos, voltado à discussão de questões ligadas à cultura brasileira.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
" ROGÉRIO DUPRAT "
Rogério Duprat (Rio de Janeiro, 7 de fevereiro de 1932 — São Paulo, 26 de outubro de 2006) foi um compositor e maestro brasileiro. Um dos maiores responsáveis pela ascensão da Tropicália, personalizando o som do então emergente movimento musical com arranjos bem elaborados, criativos e perfeitamente antenados com as tendências internacionais da época.
Duprat se iniciou na música por acaso. Seus primeiros instrumentos foram o violão, o cavaquinho e a gaita de boca que tocava "de ouvido". Posteriormente teve formação erudita, participando de orquestras como a Orquestra de Câmara de São Paulo, da qual foi membro fundador em 1956. Duprat foi aluno de Karlheinz Stockhausen na Alemanha junto do músico norte-americano Frank Zappa.
Em 1963, ao lado do também maestro Damiano Cozzella, Duprat usou um computador IBM 1620 da Escola Politécnica da USP para compor uma peça intitulada Klavibm II. A experiência era inédita no Brasil e pode ser encarada como precursora da chamada música eletrônica. Duprat ainda foi professor da Universidade de Brasília, da qual saiu junto com vários colegas devido à intervenção do governo militar na Universidade.
Mudou-se para São Paulo em 1934 e nos últimos anos viveu em um sítio em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo.
Rogério Duprat é mais conhecido pelo seu envolvimento com o movimento tropicalista no final da década de 60. A intenção do maestro era romper com as barreiras entre a música erudita e a música popular. Duprat arranjou canções de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Os Mutantes, Gal Costa, Nara Leão, entre outros. O maestro ficou conhecido como o "George Martin" da Tropicália.
Nos anos 70, Duprat trabalhou com Walter Franco e o grupo O Terço, além de produzir jingles publicitários. Com a progressiva perda da audição, o maestro foi se afastando do meio musical e se manteve recluso em seu sítio em Itapecerica.
Sofrendo de mal de Alzheimer e câncer de bexiga, Duprat foi internado no dia 10 de outubro. O quadro evoluiu para insuficiência renal, levando-o a falecer. Seu velório ocorreu no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, e o corpo foi cremado no dia 27 no crematório da Vila Alpina.
Uma curiosidade: Apesar do jeito pacato e do ar de senhor respeitável, o maestro não tinha limites para suas invenções. Quando o AI-5 baixou sobre a classe artística nacional, ele produziu o famoso disco branco de Caetano Veloso (1969), e como não dava para ser dito muita coisa, ele expeliu seus sentimentos de forma nada convencional: é só ouvir a faixa "Acrílico", e esperar chegar ao tempo de 1.39s, em meio a um caos sonoro ouve-se um pum, feito pelo próprio maestro. Um belo resumo do que ele pensava de tudo aquilo. "Quando ele me mostrou, achei aquilo estranho demais, mas como o respeitava muito não tive coragem de mandar mudar." Palavras de Caetano Veloso, em um documentário sobre a música brasileira dos anos 60.
domingo, 4 de julho de 2010
" TOM ZÉ "
Tom Zé, nome artístico de Antônio José Santana Martins (
Irará, 11 de outubro de 1936) é um compositor,
cantor e arranjador brasileiro.
É considerado uma das figuras mais originais da música popular brasileira,
tendo participado ativamente do movimento musical conhecido como Tropicália
nos anos 1960 e se tornado uma voz alternativa influente no cenário musical do Brasil. A partir da década de 1990 também passou a gozar de notoriedade internacional, especialmente devido à intervenção do músico britânico David Byrne.
Nascido em uma família abastada por conta de um bilhete premiado de loteria,
Tom Zé passa a primeira infância no sertão baiano. Depois transfere-se para Salvador para seguir estudos ginasiais. Mais tarde, ele diria que sua cidade natal era "pré-Gutenberguiana", pois sua música era transmitida por comunicação oral.
Adolescente, passa a se interessar por música e estuda violão. Tem alguma experiência tocando em programas de calouros de televisão nos anos 1960, e acaba entrando para a Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, que tem entre seus professores na época Ernst Widmer, Walter Smetak e o dodecafonista Hans Joachim Koellreutter.
Na mesma época, se alia a Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Maria Bethânia no espetáculo Nós, Por Exemplo nº 2, no Teatro Castro Alves, em Salvador. Com o mesmo grupo, vai a São Paulo encenar Arena Canta Bahia, sob a direção de Augusto Boal, e grava o álbum definidor do movimento Tropicalista, Tropicália ou Panis et Circensis, em 1968.
Em 1968, leva o primeiro lugar no IV Festival de Música Popular Brasileira,
da TV Record, com a canção "São Paulo, Meu Amor".
Passou a década de 1970 e 1980 avançando ainda mais seu pop experimental em álbuns relativamente herméticos, sem atrair a atenção do grande público. No final dos anos 1980, é "descoberto" pelo músico David Byrne (ex-Talking Heads), em uma visita ao Rio de Janeiro, que lança sua obra nos Estados Unidos, para grande sucesso de crítica. Lentamente sua carreira vai se recuperando e Tom Zé passa a atrair platéias da Europa, Estados Unidos e Brasil, especialmente após o lançamento do álbum Com Defeito de Fabricação, em 1998 (eleito um dos dez melhores álbuns do ano pelo The New York Times). Tom Zé compôs, na década de 1990, música para balés do Grupo Corpo.
Em 2006 foi lançado o filme Fabricando Tom Zé, um documentário de Décio Matos Jr, sobre a vida e obra do músico.
Discografia Álbuns de estúdio
1968 Tom Zé - Rozemblit
1970 Tom Zé - RGE
1972 Tom Zé - Continental (relançado em 1984 como Se o Caso é Chorar)
1973 Todos os Olhos - Continental
1976 Estudando o Samba - Continental
1978 Correio da Estação do Brás - Continental
1984 Nave Maria - RGE
1990 Cantando com a Plateia
1992 The Hips of Traditions - Luaka Bop/Warner Bros
1997 Parabelo - Trilha sonora da Cia. de Dança Grupo Corpo (com Zé Miguel Wisnik)- Continental/Warner Music
1998 No Jardim da Política
1998 Com Defeito de Fabricação - Luaka Bop/WEA
2000 Jogos de Armar (Faça Você Mesmo) - Trama
2002 Santagustin - Trama
2002 20 preferidas - Trama
2003 Imprensa Cantada - Trama
2003 Jogos de Armar - Trama
2005 Estudando o Pagode-Segregamulher e Amor - Trama
2006 Danç-Êh-Sá - Pós-Canção/Dança dos Herdeiros do Sacrifício/7 Caymianas para o Fim da Canção - Tratore
2008 - Estudando a Bossa - Biscoito Fino
2010 - Pirulito da Ciência" - Biscoito Fino
Coletâneas
1990 The Best of Tom Zé - Luaka Bop/Warner Bros
1994 Tom Zé - Warner
Participações
1968 Tropicália ou Panis et Circensis - Philips
2002 Eu Vim da Bahia - BMG Brasil
sexta-feira, 25 de junho de 2010
" TORQUATO NETO "
Torquato Pereira de Araújo Neto (Teresina, 9 de novembro de 1944 —
Rio de Janeiro, 10 de novembro de 1972) foi um poeta, jornalista,
letrista de música popular,
experimentador da contracultura brasileiro.
Torquato Neto era filho de um promotor público e de uma professora primária de Teresina. Mudou-se para Salvador aos 16 anos para os estudos secundários, onde foi contemporâneo de Gilberto Gil no Colégio Nossa Senhora da Vitória e trabalhou como assistente no filme Barravento, de Gláuber Rocha.
Torquato envolveu-se ativamente na cena cultural soteropolitana, onde conheceu, além de Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia. Em 1962, mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar jornalismo na universidade, mas nunca chegou a se formar. Trabalhou para diversos veículos da imprensa carioca, com colunas sobre cultura no Correio da Manhã, Jornal dos Sports e Última Hora. Torquato atuava como um agente cultural e polemista defensor das manifestações artísticas de vanguarda, como a Tropicália, o Cinema Marginal e a Poesia Concreta, circulando no meio cultural efervescente da época, ao lado de amigos como os poetas Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos, o cineasta Ivan Cardoso e o artista plástico Hélio Oiticica. Nesta época, Torquato passou a ser visto como um dos participantes do Tropicalismo, tendo escrito o breviário "Tropicalismo para principiantes", onde defendeu a necessidade de criar um "pop" genuinamente brasileiro: "Assumir completamente tudo que a vida dos trópicos pode dar, sem preconceitos de ordem estética, sem cogitar de cafonice ou mau gosto, apenas vivendo a tropicalidade e o novo universo que ela encerra, ainda desconhecido". Torquato também foi um importante letrista de canções icônicas do movimento tropicalista.
No final da década de 1960, com o AI-5 e o exílio dos amigos e parceiros Gil e Caetano, viajou pela Europa e Estados Unidos com a mulher Ana Maria e morou em Londres por um breve período. De volta ao Brasil, no início dos anos 1970, Torquato começou a se isolar, sentindo-se alienado tanto pelo regime militar quanto pela "patrulha ideológica" de esquerda. Passou por uma série de internações para tratar do alcoolismo, e rompeu diversas amizades. Em julho de 1971, escreveu a Hélio Oiticica: "O chato, Hélio, aqui, é que ninguém mais tem opinião sobre coisa alguma. Todo mundo virou uma espécie de Capinam (esse é o único de quem eu não gosto mesmo: é muito burro e mesquinho), e o que eu chamo de conformismo geral é isso mesmo, a burrice, a queimação de fumo o dia inteiro, como se isso fosse curtição, aqui é escapismo, vanguardismo de Capinam que é o geral, enfim, poesia sem poesia, papo furado, ninguém está em jogo, uma droga. Tudo parado, odeio."
Torquato se matou um dia depois de seu 28º aniversário, em 1972. Depois de voltar de uma festa, trancou-se no banheiro e abriu o gás. Sua mulher dormia em outro aposento da casa. O escritor foi encontrado na manhã seguinte pela empregada da família.
Sua nota suicida dizia: "Tenho saudade, como os cariocas, do dia em que sentia e achava que era dia de cego. De modo que fico sossegado por aqui mesmo, enquanto durar. Pra mim, chega! Não sacudam demais o Thiago, que ele pode acordar". Thiago era o filho de dois anos de idade.
Frases
"Escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela (…). Quem não se arrisca não pode berrar."
Composições
A coisa mais linda que existe (com Gilberto Gil)
A rua (com Gilberto Gil)
Ai de mim, Copacabana (com Caetano Veloso)
Andarandei (com Renato Piau)
Cantiga (com Gilberto Gil)
Capitão Lampião (com Caetano Veloso)
Coisa mais linda que existe (com Gilberto Gil)
Começar pelo recomeço (com Luiz Melodia)
Daqui pra lá, de lá pra cá
Dente por dente (com Jards Macalé)
Destino (com Jards Macalé)
Deus vos salve a casa santa (com Caetano Veloso)
Domingou (com Gilberto Gil)
Fique sabendo (com João Bosco e Chico Enói)
Geleia geral (com Gilberto Gil)
Go back (com Sérgio Britto)
Juliana (com Caetano Veloso)
Let's play that (com Jards Macalé)
Lost in the paradise (com Caetano Veloso)
Louvação (com Gilberto Gil)
Lua nova (com Edu Lobo)
Mamãe coragem (com Caetano Veloso)
Marginália II (com Gilberto Gil)
Meu choro pra você (com Gilberto Gil)
Minha Senhora (com Gilberto Gil)
Nenhuma dor (com Caetano Veloso)
O bem, o mal (com Sérgio Britto)
O homem que deve morrer (com Nonato Buzar)
O nome do mistério (com Geraldo Azevedo)
Pra dizer adeus (com Edu Lobo)
Quase adeus (com Nonato Buzar e Carlos Monteiro de Sousa)
Que película (com Nonato Buzar)
Que tal (com Luís Melodia)
Rancho da boa-vinda (com Gilberto Gil)
Rancho da rosa encarnada (com Gilberto Gil e Geraldo Vandré)
Soy loco por ti, América (com Gilberto Gil e Capinam)
Todo dia é dia D (com Carlos Pinto)
Três da madrugada (com Carlos Pinto)
Tudo muito azul (com Roberto Menescal)
Um dia desses eu me caso com você (com Paulo Diniz)
Veleiro (com Edu Lobo)
Vem menina (com Gilberto Gil)
Venho de longe (com Gilberto Gil)
Vento de maio (com Gilberto Gil)
Zabelê (com Gilberto Gil)
Discografia
Tropicália ou panis et circensis (1968) - Philips LP
Os últimos dias de Paupéria (1973) - Eldorado Editora Compacto simples
Torquato Neto - Um poeta desfolha a bandeira e a manhã tropical se inicia (1985) - RioArte/Prefeitura do Rio de Janeiro e Governo do Estado do Piauí LP
Todo dia é dia D (2002) - Dubas Música CD
Bibliografia
Torquato Neto. Os Últimos Dias de Paupéria. (Org. Ana Maria Silva Duarte e Waly Salomão), Rio de Janeiro: Max Limonad, 1984.
Torquato Neto. Torquatália - do Lado de Dentro: Obra Reunida de Torquato Neto (vol. 1). (Org. Paulo Roberto Pires). Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2005.
Torquato Neto. Torquatália - Geléia Geral: Obra Reunida de Torquato Neto (vol. 2). (Org. Paulo Roberto Pires). Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2005.
Filmografia
Como ator
Nosferatu, de Ivan Cardoso. Como protagonista, "Vampiro" (1970).
quinta-feira, 3 de junho de 2010
" MARIA BETHÂNIA "
Maria Bethânia Viana Telles Velloso, mais conhecida como Maria Bethânia, (Santo Amaro da Purificação, Bahia, 18 de Junho de 1946) é uma cantora brasileira que tem a marca de ser a segunda artista feminina em vendagem de discos do Brasil, sendo a maior da MPB, com 26 milhões de cópias. Atende pela alcunha de Abelha-rainha por causa do primeiro verso da música que dá nome ao LP Mel de 1979.
Considerada por muitos brasileiros uma das maiores cantoras da história do Brasil. É irmã caçula do compositor Caetano Veloso e da poetisa e escritora Mabel Velloso.
Eu sabia que ia trabalhar no palco e que ia ser do palco, ia ser...uma vida de artista...Sabe de holywwodiana
Nascida na Bahia, é a sexta filha de José Teles Veloso (Seu Zezinho), funcionário público dos Correios, e de Claudionor Viana (Dona Canô). É irmã da escritora Mabel Velloso e do compositor Caetano Veloso, e tia da cantora Belô Velloso e de Jota Velloso.Seu nome foi escolhido pelo irmão Caetano Veloso, inspirado em uma canção famosa à época, a valsa Maria Betânia, do compositor Capiba, um sucesso na voz de Nélson Gonçalves.
Maria Bethânia tornou-se uma das principais intérpretes da música brasileira, pois alguns críticos da música a julgam como incapaz de escrever suas próprias composições. Assim como Caetano, um dos maiores cantores e compositores contemporâneos brasileiros, mundialmente conhecido.
Bethânia foi criada na cidade de Santo Amaro da Purificação e, por ter sido criada na religião católica com influência do candomblé, é devota de vários santos e adepta tradicional do segmento religioso africano Ketu.
Hoje considerada uma das maiores intérpretes de sua geração, na infância sonhava em ser atriz, mas o dom para a música falou mais alto. Participou na juventude de espetáculos semi-amadores em parceria com Tom Zé, Gal Costa, Caetano Veloso e Gilberto Gil; em 1960 mudou-se para Salvador na intenção de terminar os estudos e passou a frequentar o meio artístico, ao lado do irmão Caetano. Em 1963, estreou como cantora na peça Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues. No ano seguinte, apresentou espetáculos como Nós por Exemplo, Mora na Filosofia e Nova Bossa Velha, Velha Bossa Nova, ao lado do irmão Caetano Veloso e o colega Gilberto Gil, então iniciantes, a quem lançou como compositores e cantores nacionais e a cantora Gal Costa, dentre outros.
A data oficial da estreia profissional é 13 de fevereiro de 1965, quando substituiu a cantora e violonista Nara Leão no espetáculo Opinião pois a mesma precisou se afastar por problemas de saúde. Nesse mesmo ano, foi contratada pela gravadora RCA, que posteriormente transformou-se em BMG (atualmente Sony BMG), onde gravou o primeiro disco, lançado em junho daquele mesmo ano. O primeiro sucesso foi a canção de protesto Carcará, no repertório deste, que também incluía, dentre outras, as músicas Mora na filosofia, Andaluzia, Feitio de oração e Sol negro, esta última em dueto com Gal Costa (que à época ainda usava o nome artístico de Maria da Graça). Depois lançou um compacto triplo, Maria Bethânia canta Noel Rosa, que trouxe as músicas Três apitos, Pra que mentir, Pierrô apaixonado, Meu barracão, Último desejo e Silêncio de um minuto, acompanhada apenas por um violão, de Carlos Castilho. Ainda em 1966, depois de voltar à Bahia por um breve período, participou dos espetáculos Arena canta Bahia e Tempo de guerra, ambos dirigidos por Augusto Boal, também competindo em festivais. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, apresentou-se em teatros e casas noturnas de espetáculos, tornando-se assim nacionalmente conhecida.
Foi também a idealizadora do grupo Doces Bárbaros, onde era um dos vocais da banda, que lançou um disco ao vivo homônimo juntamente com os colegas Gal Costa, Caetano Veloso e Gilberto Gil. O disco é considerado uma obra-prima; apesar disto, curiosamente na época do lançamento (1976) foi duramente criticado. Doces Bárbaros era uma típica banda hippie dos anos 1970, e ao longo dos anos, este lema foi tema de filme com direção de Jom Tob Azulay, DVD, enredo da escola de samba Estação Primeira de Mangueira em 1994 com a canção Atrás da verde-e-rosa só não vai quem já morreu, já comandaram trio elétrico no carnaval de Salvador, espetáculos na praia de Copacabana e uma apresentação para a Rainha da Inglaterra. Sobre esse encontro, escreveu Caetano Veloso: Eu, Gil e Gal podemos nos discutir as atitudes e as posturas, mas com relação a Betânia há sempre um respeito aristocrático que o ritmo do seu comportamento exige. E nós estamos sempre aprendendo com ela algo dessa majestade.
Inicialmente o disco seria registrado em estúdio, mas por sugestão de Gal e Bethânia, foi o espetáculo que ficou registrado em disco, sendo quatro daquelas canções gravadas pouco tempo antes no compacto duplo em estúdio, com as canções Esotérico, Chuckberry fields forever, São João Xangô Menino e O seu amor, todas gravações raras.
Desde a década de 1960, quando surgiram os especiais do Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), até o fim da década de 1980, a televisão brasileira foi marcada pelo sucesso dos espetáculos transmitidos que apresentavam os novos talentos, registrando índices recordes de audiência. Maria Bethânia participou do especial Mulher 80 (Rede Globo), um desses marcantes momentos da televisão; o programa exibiu uma série de entrevistas e musicais cujo tema era a mulher e a discussão do papel feminino na sociedade de então abordando esta temática no contexto da música nacional e da ampla preponderância das vozes femininas, com Elis Regina, Fafá de Belém, Marina Lima, Simone Bittencourt de Oliveira, Rita Lee, Joanna, Zezé Motta, Gal Costa, Maria Bethânia e as participações especiais das atrizes Regina Duarte e Narjara Turetta, que protagonizaram o seriado Malu Mulher.
Valendo-se ainda do filão engajado da pós-ditadura e feminismo cantou, ainda que com uma participação individual diminuta, no coro da versão brasileira de We Are the World, o hit americano que juntou vozes e levantou fundos para a África ou USA for Africa. O projeto Nordeste Já (1985), abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto, de criação coletiva, com as canções Chega de Mágoa e Seca d´Água. Elogiado pela competência das interpretações individuais, foi no entanto criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada uma delas no coro.
Foi a primeira cantora brasileira a vender mais de um milhão de cópias em um único disco (Álibi, 1978, que contou com as respectivas participações especiais da sambista Alcione e Gal Costa nas músicas O meu amor e Sonho meu) e esse sucesso se repetiu nos dois álbuns subsequentes: Mel e Talismã (1980), que também obtiveram expressivas vendas (inclusive este último chegou a ver 700 mil cópias em quinze dias com a participação dos cantores e compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil na faixa Alguém me avisou), e inovou no gênero acústico com os dois trabalhos seguintes, Ciclo (1983) e A Beira e o Mar (1984), contrastando totalmente com a sonoridade da época, os trabalhos comerciais, com arranjos e teclados de Lincoln Olivetti, que não tiveram o mesmo apelo popular. Neste primeiro, considerado pela artista o melhor de toda a trajetória, os erros de divulgação da gravadora comprometeram o sucesso do disco onde Fogueira foi a única canção a obter destaque e foi incluída na trilha sonora da novela global Transas e caretas de Lauro César Muniz, tendo sido elogiado pela crítica especializada e recebido com estranheza pelo grande público, apresentando um repertório de onze canções, das quais nove eram inéditas, e apenas duas regravações (Rio de Janeiro - Isto é o meu Brasil e Ela disse-me-assim) e no LP A Beira e o Mar, originado do espetáculo A hora da estrela, cujo título remete ao famoso livro homônimo de Clarice Lispector, o repertório misturou canções inéditas e regravações (Na primeira manhã, Nossos momentos, ABC do Sertão, Somos iguais e Sonho impossível - esta última gravada pela terceira vez, já que havia sido gravada anteriormente nos álbuns A cena muda e Chico Buarque e Maria Bethânia - ao vivo e dali a treze anos, novamente no CD Imitação da vida), também foi pouco divulgado e se definiu a primeira saída da gravadora Polygram (atualmente Universal Music), de onde era contratada desde 1971 (com o álbum Maria Bethânia Viana Teles Veloso - A tua presença, sucesso de público e crítica) e à qual só retornaria dali a cinco anos. O disco que marca essa volta é Memória da Pele; durante este intervalo de tempo, aconteceu uma breve passagem pela primeira gravadora, a RCA, com a qual assinou contrato para a gravação de três discos, mas acabou gerando apenas dois. São eles: Dezembros e Maria, lançados em 1986 e 1988, respectivamente.
A antológica interpretação de Na primeira manhã surpreendeu Milton Nascimento, inspirando-o a escrever, em parceria com Fernando Brant, a música Canções e momentos inclusa no repertório do disco Dezembros, do qual também fez participação especial nesta música, que também trazia, dentre outras, os sucessos Anos dourados, Gostoso demais e Errei sim; já Maria, originado do espetáculo homônimo dirigido por Fauzi Arap no ano anterior, contou com as participações especiais da cantora Gal Costa (na toada O ciúme, acompanhada somente do sintetizador de Benoit Corboz, que também escreveu o arranjo para esta canção) e duas internacionais: o grupo sul-africano Lady Smith Black Mambazo (na faixa de abertura, A terra tremeu/Ofá) e a atriz francesa Jeanne Moureau (na música Poema dos olhos da amada, declamando uma versão em francês do poema de Vinícius de Morais); não fosse pelo sucesso de duas músicas românticas nas paradas de sucesso, as baladas Tá combinado e Verdades e mentiras, que integraram a trilha sonora das novelas globais Vale tudo e Fera radical, respectivamente, faixas com certo apelo para as rádios, este trabalho teria sido um dos mais anticomerciais da carreira até então, pois contou com uma leitura totalmente acústica - e isto em plena ascensão das duplas pop/sertanejas e do advento da lambada.
Em 1990, Bethânia comemorou 25 anos de carreira com o LP 25 Anos, cujo repertório, essencialmente brasileiro, evocava diversas culturas deste país, trazendo canções consagradas e pouco conhecidas, entre regravações e inéditas. O disco contou com a participação especial de vários cantores e músicos, dentre os quais Gal Costa, Alcione, João Gilberto, Egberto Gismonti, Nina Simone, Fátima Guedes, Hermeto Paschoal, Sivuca, Wagner Tiso, Toninho Horta, Jacques Morelenbaum, Jaime Alem, Márcio Montarroyos, Mônica Millet, Almir Sater, Flávia Virgínia, Nair de Cândia, Armando Marçal, Djalma Correia, Álvaro Millet, Gordinho (Antenor Marques Filho), Zeca Assunção, Wilson das Neves, José Roberto Bertrami, Jamil Joanes, Jurim Moreira, orquestra de cordas e bateria da escola de samba GRES Estação Primeira de Mangueira, com regência de Mestre Taranta (participou duas vezes do disco - na faixa de abertura, uma vinheta colada a um texto de Mário de Andrade e a música O canto do pajé - e também na faixa que encerrava o projeto, Palavra, que no final fez uma citação musical à famosa canção de Chico Buarque Apesar de você); o disco emplacou duas músicas nas paradas de sucesso, as regionalistas Tocando em frente e Flor de ir embora, que integraram as trilhas das novelas rurais Pantanal e A história de Ana Raio e Zé Trovão, respectivamente, ambas exibidas pela extinta Rede Manchete. O feito de gravação de discos acústicos se repetiu no álbum subsequente, Olho d´Água, lançado em 1992, que não obteve maior repercussão devido à falta de divulgação eficiente por parte da gravadora; no repertório deste, destaque somente para a canção regionalista Além da última estrela, que integrou a trilha sonora da novela global Renascer, de Benedito Ruy Barbosa, exibida no ano seguinte. O álbum também nos mostrou uma incursão pela religiosidade (Ilumina, Medalha de São Jorge, Louvação a Oxum, Rainha negra uma homenagem a cantora Clementina de Jesus e Búzio), abrindo e fechando com uma vinheta da música Sodade meu bem sodade, de Zé do Norte.
O sucesso de vendagem voltou em 1993 quando do lançamento do CD As canções que você fez pra mim, que gerou mais de um milhão de cópias e foi convertido para uma versão hispânica (no caso, Las canciones que hiciste para mi) com parte do repertório (sete das onze músicas foram convertidas - a faixa-título, Fiera herida (Fera ferida, um dos hits do disco, tema de abertura da novela homônima global), Palabras (Palavras), Tú no sabes (Você não sabe), Necesito de tu amor (Eu preciso de você), Tú (Você, esta incluída na trilha sonora da novela global Pátria Minha de Gilberto Braga cujo título remete ao famoso poema homônimo de Vinícius de Morais - justamente a sucessora de Fera Ferida) e Emociones (Emoções, um dos grandes sucessos de Roberto) - das que ficaram de fora Olha, Costumes, Detalhes e Seu corpo), que consistiu em um tributo à dupla de cantores e compositores Roberto e Erasmo Carlos, evocando onze parcerias entre ambos. Este disco, além de originar um LP promocional para a Coca-Cola com uma entrevista entre parte do repertório (Emoções, Costumes, Olha e Seu corpo), gerou também um VHS (relançado em DVD em 2009) e um espetáculo calcado na divulgação do disco anterior, dirigido por Gabriel Vilela na casa Canecão (Rio de Janeiro), do qual saiu o trabalho que marca a despedida definitiva da Universal Music: Maria Bethânia ao vivo, de 1995, o último a ter versão em vinil, porém já estava sofrendo com o problema de pressão de espaço físico, com quatro músicas a menos. São elas: Fé cega faca amolada, Detalhes, Você não sabe (as duas últimas, já inclusas no álbum-tributo a Roberto) e Reconvexo (gravada pela cantora no álbum Memória da Pele), inclusas somente no CD. Este disco trouxe regravações dos antigos sucessos entre outras canções consagradas e do álbum de estúdio anterior dedicado a Roberto Carlos.
Maria Bethânia é segunda artista feminina em vendagem de discos na história do Brasil, atrás apenas de Xuxa, que tem seus discos voltados ao público infanto-juvenil.
Revolucionou a forma de se fazer espetáculos no Brasil, intercalando músicas com poemas - Fernando Pessoa, poeta português, Vinícius de Moraes a quem chegou a dedicar um disco inteiro em 2005, Que falta você me faz (a gravação deste álbum foi concluída em janeiro de 2004 mas somente lançado no ano seguinte, em comemoração aos 40 anos de carreira e amizade com Vinícius, contando com a participação especial deste na declamação do poema Poética I e na música Nature boy (Encantado)), Clarice Lispector - criando um estilo próprio e que muito lembra peças teatrais. Vários dos espetáculos estão entre os mais importantes da história da música popular brasileira, onde se destacam diversos, como Recital na Boite Barroco (1968), o primeiro disco gravado ao vivo, Maria Bethânia ao vivo (1970), ambos lançados pela gravadora EMI, Rosa dos Ventos - o show encantado (1971) produzido e dirigido por Fauzi Arap, Drama terceiro ato - luz da noite gravado ao vivo no Teatro da Praia na capital fluminense (1973), A cena muda (1974), gravado ao vivo no Teatro Casa Grande, onde não declamou poemas - como o próprio título sugere, tendo sido um dos espetáculos mais ousados da trajetória da artista, Chico Buarque e Maria Bethânia ao vivo (1975), Maria Bethânia e Caetano Veloso ao vivo (1978), e Nossos momentos (1982), gravado entre 29 de setembro e 3 de outubro daquele ano, contendo a antológica interpretação de Vida e O que é o que é, esta última lançada pelo autor Gonzaguinha no mesmo ano, que seria o bis preferido dos espetáculos dali por diante. Isso explica a presença de vários discos ao vivo na carreira da artista - mais especificamente catorze, onde se inclui um gravado na Argentina (Mar del Plata), com Vinícius de Moraes e Toquinho; já como intérprete, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Jobim, Noel Rosa, Gonzaguinha, Roberto Carlos, Vinícius de Moraes, Roberto Mendes, Jorge Portugal e Milton Nascimento, são os compositores com maior número de interpretações na voz. Maria Bethânia é carinhosamente chamada por Roberto Carlos de minha rainha.
Os muitos fãs sempre cultivaram uma rivalidade com os da cantora Elis Regina, no eterno debate que até hoje não teve fim sobre qual seria a maior cantora da história do Brasil. Elis, por sua vez, declarou Gal Costa a maior cantora do país. Bethânia, mais reservada, nunca se pronunciou sobre esse debate, inclusive se declara até hoje fã de Elis, isso desde a entrevista no jornal O Pasquim (5 de setembro de 1969), deu nota dez para a rival. Em 1999, quando regravou uma canção que fez antigo sucesso na voz de Elis, Romaria (Renato Teixeira), no disco A força que nunca seca, lançado pela gravadora BMG, Bethânia reafirmou ser admiradora. Inclusive este disco, cuja faixa-título foi dedicada à memória de Mãe Cleusa do Gantois, além de trazer músicas inéditas e releituras de clássicos (O trenzinho caipira com citação de trechos do poema O trem de Alagoas de Ferreira Gullar, Luar do sertão/Azulão, Espere por mim morena, Gema - esta já gravada pela cantora anteriormente no álbum Talismã, As flores do jardim da nossa casa), trouxe a polêmica interpretação de É o amor, originalmente gravada pela dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, que foi bastante criticada. Esta foi incluída na trilha sonora da novela global Suave Veneno, de Aguinaldo Silva, exibida àquele mesmo ano. Em seguida, houve um espetáculo que divulgou o disco anterior, do qual saiu o CD duplo Diamante verdadeiro, gravado em agosto, que trouxe canções do referido CD de estúdio (exceto Espere por mim morena), regravações dos antigos sucessos entre outros clássicos, além de textos de Fernando Pessoa (Autopsicografia), Manuel Alegre (Senhora das tempestades) e Castro Alves (O navio negreiro).
Muitos são os trabalhos da cantora Maria Bethânia que são referências obrigatórias para a história da música popular brasileira, entre outros estão: Maria Bethânia (1969), Drama - anjo exterminado, com produção do irmão Caetano Veloso (1972), Pássaro Proibido (1976) que trouxe o primeiro grande sucesso na faixa de rádios AM - a antológica canção Olhos nos olhos com destaque também para Amor amor, Pássaro da manhã (1977) onde pela primeira vez declamou poemas em estúdio originado do espetáculo homônimo dirigido por Fauzi Arap e cenário de Flávio Império recebendo o segundo disco de ouro da carreira (o primeiro foi no álbum lançado no ano anterior) com as músicas, dentre outras, Um jeito estúpido de te amar (lançada por Roberto Carlos no ano anterior colado a um texto de Fauzi Arap, com fundo musical de Jogo de damas) e Teresinha, Alteza (1981) que contou com as participações especiais de Caetano Veloso, Gilberto Gil e a irmã Nicinha (no samba Purificar o Subaé), Âmbar (1996), lançado pela gravadora EMI que comemorou os 50 anos de idade trazendo canções inéditas, de novos compositores da MPB entre outras releituras de clássicos (Chão de estrelas, Quando eu penso na Bahia que contou com a participação especial de Chico Buarque e Ave Maria) gerando um espetáculo dirigido por Fauzi Arap do qual saiu o elogiadíssimo CD duplo Imitação da vida gravado na casa de espetáculos Palace (São Paulo, dezembro de 1996) e que incluiu onze textos de Fernando Pessoa e seus heterônimos, Brasileirinho (2003), o primeiro lançado pelo próprio selo Quitanda, unanimidade de crítica e público, com repertório essencialmente brasileiro, evocando diversas culturas deste país e trazendo textos de Guimarães Rosa - Felicidade se acha é em horinhas de descuido, Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura e Quem castiga nem é Deus, é os avessos (extraído do livro Rosiana, coletânea de conceitos, máximas e brocadas do autor, organizada em 1983 por Paulo Ronai), Mário de Andrade (O descobrimento e O poeta come amendoim) e Vinícius de Morais (Pátria minha), contando com as participações especiais do escritor/poeta Ferreira Gullar (recitando o poema O descobrimento), o Grupo Uakti grupo experimental mineiro (na faixa Salve as folhas), Grupo Tira Poeira formado por cariocas, gaúchos e catarinenses (na faixa Padroeiro do Brasil), Denise Stoklos (declamando o poema O poeta come amendoim), as cantoras Miúcha e Nana Caymmi (nas respectivas faixas Cabocla Jurema/Ponto de Janaína e Texto de Guimarães Rosa/Suçuarana), Ricardo Amado e Márcio Malard (violino e violoncelo, respectivamente, na faixa Senhor da floresta), e também originou um DVD, e Pirata (2006), que traz textos de Guimarães Rosa (Perto de muita água, tudo é feliz, Pensar na pessoa que se ama, Amor é sede depois de se ter bem bebido, Só na foz do rio é que se ouvem os murmúrios de todas as fontes, O mundo do rio não é o mundo da ponte e O sertão é uma espera enorme), Fernando Pessoa (Todo cais é uma saudade de pedra), Antônio Vieira (Poesia), João Cabral de Melo Neto (O rio), Jorge Portugal (Orixá), entre outras canções inéditas, regravações de músicas pouco conhecidas e consagradas da MPB, além de releituras de músicas que ela já havia gravado anteriormente (O tempo e o rio e Os argonautas)
Em 2001, desliga-se das grandes gravadoras, transferindo-se para a independente Biscoito Fino, de propriedade de Olivia Hime e Kati Almeida Braga. O disco que marca a estreia na nova gravadora é o duplo Maricotinha ao vivo - comemorativo dos trinta e cinco anos de carreira, que trouxe regravações dos antigos sucessos seus entre outras canções consagradas, textos e do álbum de estúdio homônimo do ano anterior, cuja maior parte das canções era inédita e foi o último álbum lançado pela gravadora BMG, e também gerou seu primeiro DVD. Em 2003, ainda na Biscoito Fino, lança o selo Quitanda (23 de setembro), para gravar discos com menor apelo comercial e lançar artistas que admira, como Mart'Nália e Dona Edith do Prato. Paralelamente, houve o lançamento do álbum Cânticos, preces, súplicas à Senhora dos Jardins do Céu, gravado originalmente em 2000, que inicialmente não foi comercializado e distribuído numa tiragem limitada de duas mil cópias, apenas para angariar fundos para a restauração da matriz da cidade natal, em homenagem a Nossa Senhora; neste trabalho, a cantora reafirmou a religiosidade, presente em quase toda a obra. O disco contou com a participação especial da mãe, Canô Veloso, Gilberto Gil (violão e voz) e Nair de Cândia, nas respectivas faixas Ladainha de Nossa Senhora, Mãe de Deus das Candeias e uma versão em latim da Ave Maria.
Bethânia também atua em direções, já tendo dirigido vários artistas entre eles o irmão Caetano Veloso e Alcione. Ao mesmo tempo, produziu a homenagem Namorando a Rosa, a violonista Rosinha de Valença, que tocou alguns anos em sua banda, falecida em 2004 e teve grande participação na carreira da artista, dirigindo o espetáculo Comigo me desavim (1967), e nove anos depois gravou o álbum Cheiro de mato, do qual recebeu grande influência e também nos álbuns Maria Bethânia e Caetano Veloso ao vivo, Alteza (na faixa Caminho das Índias), Olho d´água, em um de seus últimos e trabalhos e principalmente no antológico Álibi, onde tocou violão em todas as faixas; o álbum contou com a participação especial de diversos nomes consagrados da MPB, como o irmão Caetano Veloso, Alcione, Chico Buarque, Bebel Gilberto, Ivone Lara, Délcio Carvalho, Yamandú Costa, Martinho da Vila, Turíbio Santos, Miúcha, Joanna, Hermeto Paschoal e a própria Bethânia. Em 2005, foi lançado o filme documentário sobre sua vida e carreira, Música é perfume.
Em 2006 foi a grande vencedora do Prêmio Tim (antigo Prêmio Sharp) de música onde arrebatou três títulos: melhor cantora, melhor disco (Que falta você me faz, um tributo a Vinícius de Morais) e melhor DVD (Tempo tempo tempo tempo, comemorativo dos quarenta anos de carreira). Bethânia, que sempre teve fama de anti-social, surpreendeu e compareceu à cerimônia de premiação. No mesmo ano, os CDs antigos - LPs originais que haviam sido relançados anteriormente em CD - voltaram às prateleiras, com encarte completo (na edição anterior ele havia sido suprimido/reduzido), letras de todas as músicas e textos - mesmo que a versão original não as tivesse - e texto interno com a história do álbum redigido pelo jornalista e crítico musical Rodrigo Faour, pois há muito tempo estavam fora de catálogo.
Ainda em 2006, lançou dois álbuns simultaneamente: Pirata, onde canta os rios do interior do Brasil e foi considerado pela crítica uma espécie de retomada de Brasileirinho, lançado três anos antes, e Mar de Sophia, onde canta o mar a partir de versos da poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner. A turnê de promoção dos dois discos foi batizada de Dentro do mar tem rio, com direção de Bia Lessa e roteiro do fiel colaborador Fauzi Arap, originando o álbum duplo homônimo, lançado em 2007.
Lançou em 2007 pela Biscoito Fino o DVD duplo que contempla dois documentários sobre a artista: Pedrinha de Aruanda e Bethânia Bem de Perto. Este primeiro é um registro singular da intimidade de uma das maiores intérpretes brasileiras de todos os tempos, tendo como ponto de partida a comemoração do aniversário de sessenta anos da cantora, celebrados durante uma apresentação em Salvador e uma missa em Santo Amaro, sua cidade natal, em 2006.
Ainda em 2007, novamente é a maior vencedora do Prêmio Tim, mas desta vez empatou com Marisa Monte. Bethânia, mais uma vez, compareceu à cerimônia, e levou para casa os troféus de melhor cantora, melhor disco (Mar de Sophia), melhor projeto gráfico (Pirata) e melhor canção (Beira-mar, do CD Mar de Sophia).
Em 2008, junta-se com a cantora cubana Omara Portuondo e segue em turnê pelo Brasil e países vizinhos, como Argentina e Chile; nos dias 4 e 5 de abril foi gravado o DVD ao vivo em Belo Horizonte no Palácio das Artes, sob a direção de Mário de Aratanha e a produção musical de Moogie Canázio, originando também um CD.
Em 2009, lançou o DVD Dentro do Mar tem Rio, registro do show ao vivo gravado nos dias 7 e 8 de dezembro de 2007, em Sao Paulo, com direção de Andrucha Waddington.
No mesmo ano, lança os dois trabalhos mais recentes da carreira - Encanteria, onde canta as mais variadas formas de fé (pelo selo Quitanda) e Tua, com canções românticas (pela Biscoito Fino); ambos são compostos por músicas inéditas e foram recebidos com muito entusiasmo pela crítica e público. O repertório do espetáculo calcado na divulgação dos dois trabalhos é composto por estas músicas intercaladas a antigos sucessos da artista. Seu título é batizado com três nomes que, segundo ela, foram herdados de sua tradição familiar: Amor, Festa e Devoção.
Discografia
1965 - Maria Bethânia - Sony BMG/RCA
1966 - Maria Bethânia Canta Noel Rosa - Sony BMG/RCA
1967 - Edu e Bethânia - Universal Music/Elenco
1969 - Maria Bethânia - EMI
1971 - A Tua Presença... - Universal Music/Philips/Polygram
1971 - Vinicius + Bethânia + Toquinho - en La Fusa (Mar de Plata) - RGE
1972 - Drama - Universal Music/Philips/Polygram
1976 - Pássaro proibido - Universal Music/Philips/Polygram
1977 - Pássaro da manhã - Universal Music/Philips/Polygram
1978 - Álibi - Universal Music/Philips/Polygram
1979 - Mel - Universal Music/Philips/Polygram
1980 - Talismã - Universal Music/Philips/Polygram
1981 - Alteza - Universal Music/Philips/Polygram
1983 - Ciclo - Universal Music/Philips/Polygram
1984 - A beira e o mar - Universal Music/Philips/Polygram
1987 - Dezembros - Sony BMG/RCA
1988 - Maria - Sony BMG/RCA
1989 - Memória da pele - Universal Music/Polygram
1990 - 25 anos - Universal Music/Polygram
1992 - Olho d'água - Universal Music/Polygram
1993 - As canções que você fez pra mim - Universal Music/Polygram
1993 - Las canciones que hiciste para mí - Philips-PolyGram
1996 - Âmbar - EMI
1999 - A força que nunca seca - Sony BMG
2001 - Maricotinha - Sony BMG
2003 - Cânticos, preces, súplicas à Senhora dos jardins do céu na voz de Maria Bethânia - Sony BMG/Biscoito Fino
2003 - Brasileirinho - Quitanda
2005 - Que falta você me faz - Músicas de Vinicius de Moraes - Biscoito Fino
2006 - Pirata - Quitanda
2006 - Mar de Sophia - Biscoito Fino
2007 - Omara Portuondo e Maria Bethânia - Biscoito Fino
2009 - Encanteria - Quitanda
2009 - Tua - Biscoito Fino
Ao Vivo
1968 - Recital na Boite Barroco - EMI
1970 - Maria Bethânia Ao vivo - EMI
1971 - Rosa dos ventos Ao vivo - Universal Music/Philips/Polygram
1973 - Drama 3º ato - Universal Music/Philips/Polygram
1974 - Cena muda - Universal Music/Philips/Polygram
1975 - Chico Buarque & Maria Bethânia ao vivo - Universal Music/Philips/Polygram
1976 - Doces bárbaros - Universal Music/Philips/Polygram
1978 - Maria Bethânia e Caetano Veloso - ao vivo - Universal Music/Philips/Polygram
1982 - Nossos Momentos - Universal Music/Philips/Polygram
1995 - Maria Bethânia: Ao vivo - Universal Music/Polygram
1997 - Imitação da Vida - EMI
1998 - Diamante Verdadeiro - Sony BMG
2002 - Maricotinha: Ao Vivo - Biscoito Fino
2007 - Dentro Do Mar Tem Um Rio - Biscoito Fino
Compactos
1965 - Maria Bethânia - Sony BMG/RCA
1965 - Maria Bethânia - Sony BMG/RCA
Espetáculos
Nós, por exemplo (1964)
Nova bossa velha, velha bossa nova (1964)
Mora na Filosofia (1964)
Opinião (1965)
Arena canta Bahia (1966)
Tempo de Guerra (1966)
Pois é (1966)
Recital na Boite Cangaceiro (1966)
Recital na Boite Barroco (1968)
Yes, nós temos Maria Bethânia (1968)
Comigo me desavim (1968)
Recital na Boite Blow Up (1969)
Brasileiro, Profissão Esperança (1970)
Rosa dos Ventos (1971)
Drama - Luz da noite (1973)
A cena muda (1974)
Chico & Bethânia (1975)
Os Doces Bárbaros (1976)
Pássaro da manhã (1977)
Maria Bethânia e Caetano Veloso (1978)
Maria Bethânia (1979)
Mel (1980)
Estranha forma de vida (1981)
Nossos momentos (1982)
A hora da estrela (1984)
20 anos (1985)
Maria (1988)
Dadaya - As sete moradas (1989)
25 anos (1990)
As canções que você fez pra mim (1994)
Âmbar - Imitação da vida (1996)
A força que nunca seca (1999)
Maricotinha (2001)
Brasileirinho (2004)
Tempo, tempo, tempo, tempo (2005)
Dentro do mar tem rio (2006)
Omara Portuondo e Maria Bethânia (2008)
Amor, Festa e Devoção (2009)
Participações
Trilha sonora do filme Quando o Carnaval Chegar, nas faixas Baioque e Bom Conselho de Chico Buarque, com participação de Nara Leão nas faixas Minha Embaixada Chegou, de Assis Valente e Formosa, de Nássara e J. Rui – Phonogram, 1972
Nova Bossa Nova Festival Folklore e Bossa Nova do Brasil 72, nas faixas: Bodocó de Gordurinha e Não Tem Solução de Dorival Caymmi com Terra Trio – MPS Records, Alemanha, 1972
Phono 73, na faixa: Oração a Mãe Menininha de Dorival Caymmi com a participação de Gal Costa; Preciso Aprender a Só Ser, de Gilberto Gil com o próprio e Trampolim de Caetano e Bethânia, com Caetano Veloso – Polygram, volume 3, 1973
Trilha sonora de Gabriela, na faixa Coração Ateu de Sueli Costa – Som Livre, 1975
Erasmo Carlos Convida, na faixa Cavalgada de Erasmo Carlos e Roberto Carlos – Polygram, 1980
Sorriso Negro, de Dona Yvonne Lara, na faixa: A Sereia Guiomar de Yvonne Lara e Delcio Carvalho – WEA, 1981
Roberto Carlos, na faixa: Amiga de Roberto Carlos e Erasmo Carlos – CBS, 1982
Plunct, Plact, Zuuum, na faixa: Brincar de Viver de Guilherme Arantes e Jon Lucien – Som Livre, vários, 1983
Luz e Esplendor, de Elizeth Cardoso, na faixa Elizetheana também com a participação de Alcione, Cauby Peixoto, Dona Ivone Lara, Joyce, Nana Caymmi e Paulinho da Viola – ARCA SOM, 1984 Da cor do Brasil, de Alcione, na faixa Roda Ciranda de Martinho da Vila – RCA, 1984
Nordeste Já, nas faixas: Chega de Mágoa, de criação coletiva e Seca d’Água, criação coletiva sobre poema de Patativa do Assaré – Continental, compacto, vários, 1985
Sinceramente Teu, de Joan Manuel Serrat, na faixa: Sinceramente Teu com versão de Santiago Kovadoff – Ariola, 1986
Negro Demais no Coração, de Joyce, na faixa Tarde em Itapoã, de Vinícius de Moraes e Toquinho – CBS, 1988
Uns, de Caetano Veloso, na faixa: Salva Vida de Caetano Veloso – Polygram, 1989
Nelson Gonçalves e Convidados, na faixa: Caminhemos de Herivelto Martins – RCA, 1989
A trilha Sonora África Brasil, na faixa: Mamãe Oxum de André Luiz Oliveira e Costa Netto – EMI, 1989
Brasil, de João Gilberto, Caetano Veloso e Gilberto Gil, na faixa No Tabuleiro da Baiana de Ary Barroso – WEA, 1991
Songbook Noel Rosa, na faixa: Pela Décima Vez de Noel Rosa – Lumiar Discos, 1991
No Tom da Mangueira, na faixa: Primavera e Cântico à Natureza de Nelson Sargento, Alfredo Português e Jamelão com a participação do grupo vocal Garganta Profunda – Saci, vários, 1993
Sambas de Enredo Grupo Especial, do Carnaval de 1994, na faixa Atrás da Verde-e-Rosa só não vai quem já morreu de David Corrêa, Paulinho Carvalho, Carlos Sena e Bira do Ponto com Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa – RCA, 1993
Dorival, na faixa Morena do Mar de Dorival Caymmi – Columbia, vários, 1994
João Batista do Vale, de João do Vale, na faixa Estrela Miúda de João do Vale e Luiz Vieira – RCA, 1994
Gente de Festa, de Margareth Menezes, na faixa Libertar de Roberto Mendes e J. Velloso – Continental, 1995
Brasil em Cy, do Quarteto em Cy na faixa A Noite do Meu Bem de Dolores Duran – CID, 1996
Belô Velloso, na faixa: Brincando de Mabel Velloso e Alexandre Leão – Velas, 1996
Recife Frevo é, na faixa Frevo nº 01 de Recife de Antonio Maria – Virgin, vários, 1996
Alfagamabetizado, de Carlinhos Brown na faixa Quixabeira de domínio popular, com Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa – EMI, 1996
Agora, de Orlando Moraes na faixa A Montanha e a Chuva de Orlando Moraes – Som Livre, 1997
Songbook Djavan, na faixa Morena de Endoidecer de Djavan e Cacaso – Lumiar discos, 1997
Álbum Musical, de Francis Hime, na faixa Pássara de Francis Hime e Chico Buarque – WEA, 1997
Amigos, de Angela Maria, na faixa Orgulho de Nelson Wederkind e Waldir Rocha – Columbia, 1997
Livro, de Caetano Veloso, na faixa Navio Negreiro de um poema de Castro Alves – Polygram, 1997
Pequeno Oratório do Poeta para o Anjo, poemas de Neide Archanjo
Agô – Pixinguinha 100 anos, na faixa Fala Baixinho de Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho – Som Livre, vários, 1997
Diplomacia, de Batatinha na faixa Bolero de Batatinha e Roque Ferreira – Emi, 1998
Songbook Marcos Valle, na faixa: Preciso Aprender a Ser Só de Paulo Sérgio Valle e Marcos Valle – Lumiar Discos, 1998
Brasil são outros 500, na faixa Tocando em Frente de Almir Sater e Renato Teixeira, em nova versão, com participação da atriz Vera Holtz – Som Livre, 1998
Alcione Celebração, na faixa Linda Flor de Luiz Peixoto, Marques Porto, Henrique Vogeler e Cândido Costa – Polygram, 1998
Songbook Chico Buarque, nas faixas Até Pensei de Chico Buarque e Sobre Todas as Coisas de Chico buarque e Edu Lobo – Lumiar Discos, 1999
Sinfonia de Pardais, uma homenagem a Herivelto Martins, na faixa Segredo de Herivelto Martins e Marino Pinto – Som Livre, vários 1999
Doces Bárbaros Bahia, na faixa Hino do Esporte Clube Bahia de Adroaldo Ribeiro Costa com Gal Costa, Gilberto Gil e Caetano Veloso Herivelto Martins Sony, 2000
Chico Buarque e as cidades, em Olhos nos Olhos de Chico Buarque – DVD, com direção de José Henrique Fonseca – BMG, 2000
Ana Carolina, na faixa: Dadivosa de Ana Carolina, Neusa Pinheiro e Adriana Calcanhoto – e no sample do texto de Antônio Bivar Era uma Vez – BMG, 2001
Trilha sonora do filme Nelson Gonçalves, na faixa Caminhemos de Herivelto Martins, com Nelson Gonçalves – BMG Brasil, 2001
Eu vim da Bahia, nas faixas É um Tempo de Guerra de Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri e Edu Lobo, Gloria in excelsis (Missa agrária), de Gianfrancesco Guarnieri e Carlos Lyra e De Manhã de Caetano Veloso – BMG Brasil, 2002
Olivia Byington, CD homônimo de Olivia Byington; Maria Bethânia participa no tema Mãe Quelé, canção com letra de Tiago Torres da Silva e música de Olivia Byington (2006)
Multishow Registro - Pode Entrar, de Ivete Sangalo na faixa Muito Obrigado, Axé, letra de Carlinhos Brown. Universal Music, 2009.
Tecnomacumba - Ao Vivo. Rita Ribeiro (Biscoito Fino, 2009)
Livros
JARDIM, Reinaldo - Maria Bethânia Guerreira Guerrilha. Cooperativa editorial JB - Poder jovem
ÁLVAREZ LIMA, Maria - Maria Bethânia. Edições Intersong
ÁLVAREZ LIMA, Maria - Marginália, Arte e cultura na idade da pedrada. Salamandra - Consultoria editorial brasileira
AA.VV - Maria Bethânia - Dona do Dom, Crônicas, depoimentos e poemas. Ediçao Fã-Clube Rosa dos Ventos Bahia - 2006
Filmes e documentários
1965
O desafio, de Paulo Cezar Saraceni (35 mm, pb, 100 min) ("É de manhã" de Caetano Veloso; "Eu vivo num tempo de guerra" de Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri; "Carcará" de João do Vale e José Cândido, com Zé Keti e João do Vale; "Notícia de jornal" de Zé Keti, apenas com Zé Keti) [filmagens no Teatro Opinião, Rio de Janeiro, em 1965
1966
Bethânia bem de perto - A propósito de um show, de Julio Bressane e Eduardo Escorel (16 mm ampliado para 35 mm, pb, 33 min) (Biscoito Fino-Quitanda-Conspiração Filmes, 2007, DVD) [show Recital na Boite Cangaceiro, Rio de Janeiro, em abr-maio 1966
1967
Improvisiert und Zielbewusst / Cinema Novo, de Joaquim Pedro de Andrade (16 mm, pb, 31 min) ("Só me fez bem" de Edu Lobo e Vinicius de Moraes)
Garota de Ipanema, de Leon Hirszman (35 mm, cor)
1968
A Última Ceia segundo Ziraldo, de Rodolfo Neder (35 mm, cor, 10 min)
O homem que comprou o mundo, de Eduardo Coutinho (35 mm, pb, 100 min)
1969
Saravah, de Pierre Barouh (Biscoito Fino, 2005, DVD) (Bethânia e Paulinho da Viola interpretam numa mesa de bar em Itaipu, litoral fluminense, "Coração vulgar" de Paulinho da Viola, "Rosa Maria" de Hanníbal da Silva e Éden Silva, "Tudo é ilusão" de Hanníbal da Silva, Éden Silva e Tulio Lavar, "Pecadora" de Jair do Cavaquinho e Joãozinho da Pecadora, "Pranto de poeta" de Guilherme de Brito e Nelson Cavaquinho, e acompanhada ao piano de Luiz Carlos Vinhas e do trombone de Raul de Souza em ensaios na boate Sucata canta "Baby" e "Tropicália" de Caetano Veloso, "Frevo nº 1 do Recife" de Antonio Maria e "Pra dizer adeus" de Edu Lobo, Lani Hall e Torquato Neto)
1972
Quando o carnaval chegar, de Carlos Diegues (35 mm, cor, 103 min)
1978
Os Doces Bárbaros, de Jom Tob Azulay (16 mm ampliado para 35 mm, cor, relançado em 2004) (Biscoito Fino, 2008, DVD) [apresentações em 1976 em Campinas, Curitiba, Florianópolis, Rio de Janeiro e São Paulo
1980
Certas palavras com Chico Buarque, de Mauricio Berú (35 mm, cor, 110 min) ("Olhos nos olhos" de Chico Buarque)
1981
Brasil, de Rogério Sganzerla (35 mm, cor, 13 min) [filmagem ao vivo da gravação do disco 'Brasil' com João Gilberto, Caetano Veloso e Gilberto Gil; filmado durante quatro meses de 1981
1994
As canções que você fez pra mim, de Julio Bressane (super 16 mm finalizado em betacam, cor-pb, 4 min 10 s)
1995
Maria Bethânia especial - As canções que você fez pra mim, de Walter Salles Jr. e Andrew Waddington (VideoFilmes-Polygram, Betacam, cor, 58 min) (VHS)(Universal Music, 2009, DVD)
1998
Enredando sombras (segmento Cinema Novo, de Orlando Senna)
1999
Chico e as cidades, de José Henrique Fonseca (DVD) ("Olhos nos olhos")
Além-mar, de Belisário Franca e Luis Antônio Silveira (Betacam, cor, 60 min)
2001
Maria Bethânia do Brasil, de Hugo Santiago / Compagnie des Phares et Balises-ARTE France (cor, 90 min)
2003
Ana Carolina - Estampado, de Mari Stockler (Sony & BMG Music, DVD) ("Pra rua me levar" de Totonho Villeroy e Ana Carolina)
Biblioteca Mindlin - Um mundo em páginas, de Cristina Fonseca (vídeo, cor, 77 min) (depoimento)
O ovo, de Nicole Algranti (35 mm, cor, 11 min) (narração)
Concertos MPBR (69 min, DVD) (Canecão, Rio de Janeiro, em 6 ago 2002: "As canções que você fez pra mim" de Roberto Carlos e Erasmo Carlos com Erasmo Carlos; "Eu já nem sei" com Wanderlea; "Baila comigo" de Rita Lee e Roberto de Carvalho com Shangrilá e Zélia Duncan)
Alcione - Ao vivo 2 (Universal Music, DVD)(Nos extras, participação em "Ternura antiga")
Maria Bethânia - Maricotinha ao vivo, de André Horta (Biscoito Fino-Sarapuí Produções Artísticas, DVD)
2004
Maria Bethânia - Brasileirinho ao vivo, de André Horta (Quitanda-Biscoito Fino-Multishow, DVD)
Outros Bárbaros, de Andrucha Waddington (Biscoito Fino) (DVD) [os ensaios e o show na praia de Copacabana, na noite de 8 de dezembro de 2002
2005
Tempo tempo tempo tempo - Maria Bethânia, de Bia Lessa (Biscoito Fino, DVD) [músicas do CD Que falta você me faz - Músicas de Vinicius de Moraes
Maria Bethânia - música é perfume, de Georges Gachot (35 mm, cor, 82 min) (Quitanda-Biscoito Fino, 2006, DVD) [shows Brasileirinho e gravações do CD Que falta você me faz - Músicas de Vinicius de Moraes
Vinicius - Quem pagará o enterro e as flores se eu me morrer de amores, de Miguel Faria Jr. (35 mm) (depoimento) ("Soneto do amor total", "Pátria minha" e "O que tinha de ser")
O sonho acabou [Phono 73 - O canto de um povo, de Carlos Augusto de Oliveira [Palácio das Convenções do Anhembi, São Paulo em 12 e 13 maio 1973, "A volta da Asa Branca", "Rosa dos ventos" e com Gal Costa "Oração de Mãe Menininha" (DVD)
Viva volta, de Heloisa Passos (35 mm, cor, 15 min) [sobre Raul de Souza
2006
Por acaso Gullar, de Rodrigo Bittencourt e Maria Rezende (Betacam, 12 min, cor)
Chico César - Cantos e encontros de uns tempos pra cá, de Douglas Costa Kuruhma (Biscoito Fino, DVD) [Nos extras, cenas de Chico César no estúdio da Biscoito Fino com Maria Bethânia cantando "A força que nunca seca" e "Onde estará o meu amor", do compositor gravadas pela cantora 2007 Beth Carvalho canta o samba da Bahia, de Lula Buarque de Hollanda (EMI Music, DVD) ("Suíte dos pescadores" de Dorival Caymmi, com Beth) [Show no Teatro Castro Alves, em Salvador, 23 ago 2006, em comemoração aos 60 anos de Beth Carvalho
Maria Bethânia - Pedrinha de Aruanda, de Andrucha Waddington (RJ, 60 min) (Biscoito Fino-Quitanda-Conspiração Filmes, 2007, DVD)
2008
Omara Portuondo e Maria Bethânia (Biscoito Fino, 2008, DVD) das gravações do CD
Omara Portuondo, Maria Bethânia - Ao vivo, de Mario de Aratanha (Biscoito Fino, 2008, DVD) [gravado em 4 e 5 abr 2008 no Palácio das Artes, Belo Horizonte
2009
Maria Bethânia - Dentro do mar tem rio, de Andrucha Waddington (Biscoito Fino-Conspiração Filmes, 2009, DVD) [registro do show gravado em São Paulo, Citibank Hall, 7 e 8 dez 2007
Tecnomacumba - ao Vivo. Rita Ribneiro (Biscoito Fino, 2009)
" GAL COSTA "
Gal Costa, nome artístico de Maria da Graça Costa Penna Burgos,
(Salvador, 26 de setembro de 1945) é uma cantora brasileira.
Gal Costa é filha de Mariah Costa Pena, falecida em 1993 que foi sua grande incentivadora, e Arnaldo Burgos.Sua mãe contava que durante a gravidez passava horas concentrada ouvindo música clássica, como num ritual, com a intenção de que esse procedimento influísse na gestação e fizesse que a criança que estava por nascer fosse, de alguma forma, uma pessoa musical. Gal jamais conheceu o seu pai, que faleceu quando ela tinha por volta de 15 anos. Por volta de 1955 se torna amiga das irmãs Sandra e Dedé (Andreia) Gadelha, futuras esposas dos compositores Gilberto Gil e Caetano Veloso, respectivamente. Em 1959 ouve pela primeira vez o cantor João Gilberto cantando Chega de saudade (Tom Jobim/Vinícius de Morais) no rádio; João também exerceu uma influência muito grande na carreira da cantora, que também trabalhou como balconista da principal loja de discos de Salvador da época, a Roni Discos. Em 1963 é apresentada a Caetano Veloso por Dedé Gadelha, iniciando-se a partir uma grande amizade e profunda admiração mútua que perdura até hoje.
Gal estreou ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Tom Zé e outros, o espetáculo Nós, por exemplo (22 de agosto de 1964), que inaugurou o Teatro Vila Velha, em Salvador. Nesse mesmo ano participou de Nova Bossa Velha, Velha Bossa Nova, no mesmo local e com os mesmos parceiros. Deixa Salvador para viver na casa da prima Nívea, no Rio de Janeiro, seguindo os passos de Maria Bethânia, que havia estourado como cantora no espetáculo Opinião.
A primeira gravação em disco se deu no disco de estreia de Maria Bethânia (1965): o duo Sol Negro (Caetano Veloso), seguido do primeiro compacto, com as canções Eu vim da Bahia, de Gil, e Sim, foi você, de Caetano - ambos lançados pela RCA, que posteriormente transformou-se em BMG (atualmente Sony BMG) - gravadora à qual Gal retornaria em 1984, com o álbum Profana. No fim do ano conhece João Gilberto pessoalmente. Participou do I Festival Internacional da Canção, em 1966, interpretando a canção Minha senhora (Gilberto Gil e Torquato Neto), que não emplacou.
O primeiro LP foi lançado em 1967, ao lado do também estreante Caetano Veloso, Domingo, pela gravadora Philips, que posteriormente transformou-se em Polygram (atualmente Universal Music), permanecendo neste selo até 1983. Desse disco fez grande sucesso a canção "Coração vagabundo", de Caetano Veloso. Participou também do III Festival de Música Popular Brasileira defendendo as canções Bom dia (Gilberto Gil/Nana Caymmi) e Dadá Maria (Renato Teixeira), esta última em dueto com o Sílvio César no Festival e com Renato Teixeira na gravação.
Em 1968 participou do disco Tropicália ou Panis et Circencis (1968), com as canções Mamãe coragem (Caetano Veloso e Torquato Neto), Parque industrial (Tom Zé) e Enquanto seu lobo não vem (Caetano Veloso), além de Baby (Caetano Veloso), o primeiro grande sucesso solo, que se tornou um clássico. No mesmo ano participa do III Festival Internacional da Canção (TV Globo), defendendo a canção Gabriela Mais Bela, (Roberto Carlos e Erasmo Carlos). Em novembro participa do IV Festival da Record defendendo a canção Divino maravilhoso (Caetano e Gil). Lançou o primeiro disco solo, Gal Costa (1969), que além de "Baby" e "Divino maravilhoso" traz "Que pena (Ele já não gosta mais de mim" (Jorge Benjor) e "Não identificado" (Caetano Veloso), todas grandes sucessos. No mesmo ano gravou o segundo disco solo, "Gal", que traz os hits "Meu nome é Gal" (Roberto e Erasmo Carlos) e "Cinema Olympia" (Caetano Veloso), desse disco gerou o espetáculo Gal!.
Em 1970 viaja para Londres para visitar Caetano Veloso e Gilberto Gil, exilados pela ditadura militar, e dessa viagem traz algumas músicas incluídas em seu disco seguinte, "Legal". Do repertório desse trabalho fizeram grande sucesso as músicas "London London" (Caetano Veloso) e "Falsa baiana" (Geraldo Pereira).
Em 1971 grava um compacto duplo importantíssimo em sua carreira, onde estão os grandes sucessos "Sua estupidez" (Roberto e Erasmo Carlos) e "Você não entende nada" (Caetano Veloso). Nesse mesmo ano realiza um dos shows mais importantes da música brasileira, "Fa-Tal", dirigido por Waly Salomão e que gravado ao vivo gerou o disco que até hoje é considerado por muitos críticos como o mais importante de sua carreira, o "Fa-Tal / Gal a Todo Vapor", que traz grandes sucessos como "Vapor barato" (Jards Macalé - Waly Salomão), "Como 2 e 2" (Caetano Veloso) e "Pérola negra" (Luiz Melodia).
Em 1973 grava o disco "Índia", que traz os sucessos "Índia" (J. A. Flores - M. O. Guerreiro - versão José Fortuna) e "Volta" (Lupicínio Rodrigues), e desse disco faz outro show muito bem sucedido, também dirigido por Waly Salomão, "Índia". Nesse nesmo ano participa do Festival Phono 73, que gerou três discos, onde Gal gravou com sucesso as músicas "Trem das onze" (Adoniran Barbosa) e "Oração de Mãe Menininha" (Dorival Caymmi), em dueto com Maria Bethânia.
Em 1974 Gal grava o disco "Cantar", dirigido por Caetano Veloso, que traz os sucessos "Barato total" (Gilberto Gil), "Flor de maracujá" e "Até quem sabe" (ambas de João Donato e Lysia Enio) e "A rã" (João Donato e Caetano Veloso). Desse disco gerou o show "Cantar", que não foi bem recebido pelo público de Gal, por se tratar de um disco muito suave, contrastando com a imagem forte que a cantora criara a partir do movimento tropicalista.
Em 1975 Gal faz imenso sucesso ao gravar para a abertura da telenovela da Rede Globo "Gabriela" a canção "Modinha para Gabriela" (Dorival Caymmi). Desse ano também é o sucesso "Teco teco" (Pereira da Costa - Milton Vilela), lançada em compacto. O grande sucesso da canção de Caymmi motivou a gravação do disco "Gal Canta Caymmi", lançado em 1976, que traz os hits "Só louco", "Vatapá", "São Salvador" e "Dois de fevereiro", todas de Dorival Caymmi.
Nesse mesmo ano, ao lado dos colegas Gilberto Gil, Caetano e Maria Bethânia, participa do show "Doces Bárbaros", nome do grupo batizado e idealizado por Bethânia, espetáculo que rodou o Brasil e gerou o disco Doces Bárbaros. O disco é considerado uma obra-prima; apesar disto, curiosamente na época do lançamento (1976) foi duramente criticado. Doces Bárbaros era uma típica banda hippie dos anos 70 e, ao longo dos anos, foi tema de filme, DVD, enredo da escola de samba GRES Estação Primeira de Mangueira em 1994 com o enredo Atrás da verde-e-rosa só não vai quem já morreu, já comandaram trio elétrico no carnaval de Salvador, espetáculos na praia de Copacabana e uma apresentação para a Rainha da Inglaterra. Inicialmente o disco seria gravado em estúdio, mas por sugestão de Gal e Bethânia, foi o espetáculo que ficou registrado em disco, sendo quatro daquelas canções gravadas pouco tempo antes no compacto duplo de estúdio, com as canções Esotérico, Chuckberry fields forever, São João Xangô Menino e O seu amor, todas gravações raras.
Em 1977 Gal lança o disco "Caras & Bocas", que traz os sucessos "Tigresa" (Caetano Veloso) e "Negro amor (It's all over now, baby blue)". Desse disco gerou-se o show "Com a Boca no Mundo".
Em 1978 Gal lança aquele que seria o primeiro disco de ouro de sua carreira, "Água Viva", que trouxe os sucessos "Folhetim" (Chico Buarque), "Olhos verdes" (Vicente Paiva) e "Paula e Bebeto" (Milton Nascimento - Caetano Veloso). Desse disco surgiu o espetáculo "Gal Tropical", onde Gal Costa deu uma virada em sua carreira, mudando drasticamente de imagem, passando de musa hippie para uma cantora mais madura. O show "Gal Tropical" foi um imenso sucesso de público e crítica, e gerou o disco "Gal Tropical", em que Gal cantou alguns dos maiores sucessos de sua carreira, como "Balancê" (João de Barro - Alberto Ribeiro), "Força estranha" (Caetano Veloso), "Noites cariocas" (Jacob do Bandolim - Hermínio Bello de Carvalho), além das regravações dos grandes sucessos "Índia" e "Meu nome é Gal".
Desde a década de 1960, quando surgiram os especiais do Festival de Música Popular Brasileira (TV Record) até o final da década de 1980, a televisão brasileira foi marcada pelo sucesso dos espetáculos transmitidos; apresentando os novos talentos registravam índices recordes de audiência. Gal Costa participou do especial Mulher 80(Rede Globo), um desses momentos marcantes da televisão. O programa exibiu uma série de entrevistas e musicais cujo tema era a mulher e a discussão do papel feminino na sociedade de então abordando esta temática no contexto da música nacional e da inegável preponderância das vozes femininas, com Maria Bethânia, Gal Costa, Elis Regina, Fafá de Belém, Zezé Motta, Marina Lima, Simone, Rita Lee, Joanna e as participações especiais das atrizes Regina Duarte e Narjara Turetta, que protagonizaram o seriado Malu Mulher.
Em 1980 Gal gravou o disco "Aquarela do Brasil", focado na obra do compositor Ary Barroso, e que trouxe hits como "É luxo só" (Ary Barroso - Luiz Peixoto), "Aquarela do Brasil", "Na Baixa do Sapateiro", "Camisa amarela" e "No tabuleiro da baiana" (todas de Ary Barroso).
Em 1981 Gal estreou o show "Fantasia", um grande fracasso de crítica, mas que gerou um dos mais bem sucedidos discos de sua carreira, tanto de público quanto de crítica, o premiado "Fantasia", que trouxe vários sucessos, como "Meu bem meu mal", "Massa real" (ambas de Caetano Veloso), "Açaí", "Faltando um pedaço" (ambas de Djavan), "O amor" (Caetano Veloso - Ney Costa Santos - Vladmir Maiakovski), "Canta Brasil" (David Nasser - Alcir Pires Vermelho) e "Festa do interior" (Moraes Moreira - Abel Silva). Com o grande sucesso do disco, Gal convidou Waly Salomão para dirigir o show "Festa do Interior" que a redimiu do grande fracasso do show "Fantasia".
Em 1982 Gal gravou outro disco de sucesso, "Minha Voz", em que se destacaram as gravações de "Azul" (Djavan), "Dom de iludir", "Luz do sol" (ambas de Caetano Veloso), "Bloco do prazer" (Moraes Moreira - Fausto Nilo), "Verbos do amor" (João Donato e Abel Silva) e "Pegando fogo" (Francisco Mattoso - José Maria de Abreu).
Em 1983 Gal grava outro disco bem sucedido comercialmente, "Baby Gal", que também se tornou um show, e que trouxe os sucessos "Mil perdões" (Chico Buarque), "Rumba louca" (Moacyr Albuquerque - Tavinho Paes), além da regravação de "Baby".
Originalmente idealizado para a montagem do ballet teatro do Balé Teatro Guaíra (Curitiba, 1982), o espetáculo O Grande Circo Místico foi lançado em 1983. Gal Costa integrou o grupo seleto de artistas da MPB que viajaram pelo país apresentando o projeto, um dos maiores e mais completos espetáculos teatrais, para uma platéia de mais de 200 mil pessoas, em quase 200 apresentações. Gal Costa interpretou a canção A História de Lili Braun, musicado pela dupla Chico Buarque e Edu Lobo. O espetáculo conta a história de amor entre um aristocrata e uma acrobata e a saga da família austríaca proprietária do Grande Circo Knie, que vagava pelo mundo nas primeiras décadas do século.
Em 1984 Gal deixa a gravadora Philips e assina contrato com a RCA, onde grava o disco "Profana", que traz os hits "Chuva de prata" (Ed Wilson - Ronaldo Bastos), "Nada mais (Lately)" (Stevie Wonder - versão: Ronaldo Bastos) e "Vaca profana" (Caetano Veloso).
Em 1985 grava o disco "Bem Bom", com os sucessos "Sorte" (Celso Fonseca - Ronaldo Bastos), cantada em dueto com Caetano Veloso, e "Um dia De Domingo" (Michael Sullivan - Paulo Massadas), em dueto com Tim Maia.
Valendo-se ainda do filão engajado da pós-ditadura e feminismo, cantou no coro da versão brasileira de We are the world, o hit americano que juntou vozes e levantou fundos para a África ou USA for Africa. O projeto Nordeste já (1985), abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes numa criação coletiva, surgiu o compacto, de criação coletiva, com as canções Chega de mágoa e Seca d´água. Elogiado pela competência das interpretações individuais, foi no entanto criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada uma delas no coro.
Em atitude que surpreendeu muitos dos fãs, em fevereiro deste mesmo ano, posou nua para a edição 127 da extinta revista Status, poucos meses antes de completar quarenta anos.
Lançou em 1987 o disco e o espetáculo Lua de Mel Como o Diabo Gosta, um fracasso de crítica, mas que trouxe mais alguns sucessos à carreira da cantora: "Lua de mel" (Lulu Santos), "Me faz bem" (Mílton Nascimento - Fernando Brant) e "Viver e reviver (Here, there, and everywhere)" (Lennon - McCartney - versão: Fausto Nilo).
Em 1988 Gal grava com grande sucesso a música "Brasil" (Cazuza - Nilo Romero - George Israel) para a abertura da novela da Rede Glovo "Vale tudo".
Em 1990 gravou o disco "Plural", que traz os sucessos de "Alguém me disse" (Jair Amorim - Evaldo Gouveia), "Nua idéia" (João Donato - Caetano Veloso) e "Cabelo" (Jorge Benjor - Arnaldo antunes).
Em 1992 lança o disco "Gal", com repertório em boa parte extraído do show "Plural", e do qual fez sucesso a música "Caminhos cruzados" (Tom Jobim - Newton Mendonça).
Em 1994, reuniu-se com Gil, Caetano e Bethânia, na quadra da escola de samba Mangueira, para o show "Doces Bárbaros na Mangueira", que comemorou os 18 anos dos Doces Bárbaros.
Em 1994 Gal lançou o premiado disco "O sorriso do gato de Alice", produzido por Arto Lindsay, com o sucesso "Nuvem negra" (Djavan). Desse disco gerou-se o show de mesmo nome, com direção de Gerald Thomas, que causou polêmica por Gal cantar a música "Brasil" com os seios nus.
Em 1995, lançou "Mina d'água do meu canto", trazendo apenas composições de Chico Buarque e Caetano Veloso, e do qual fez sucesso a música "Futuros amantes" (Chico Buarque).
Em 1997, gravou o CD "Acústico MTV", sucesso de vendas, no qual cantou vários sucessos de sua carreira e lançou com sucesso uma nova versão de "Lanterna dos Afogados", cantando ao lado do autor da canção, Herbert Vianna.
Em 1998 gravou o CD "Aquele frevo axé", com o hit "Imunização racional (Que beleza)" (Tim Maia).
Em 1999, lançou um disco duplo ao vivo "Gal Costa Canta Tom Jobim Ao Vivo", realizando o projeto do maestro, que era fazer um disco com a cantora, embora sozinha.
Em 2001, gravou o CD "Gal de tantos amores", contendo a música "Caminhos do mar" (Dorival Caymmi, Danilo Caymmi e Dudu Falcão). Nesse mesmo ano, foi incluída no Hall of Fame do Carnegie Hall (única cantora brasileira a participar do Hall), após participar do show "40 anos de Bossa Nova", em homenagem a Tom Jobim, ao lado de César Camargo Mariano e outros artistas.
Em 2002, lançou o CD "Bossa Tropical", no qual registrou a faixa "Socorro" (Alice Ruiz e Arnaldo Antunes), sucesso originalmente gravado pela cantora Cássia Eller.
Em 2003 lançou o CD "Todas as coisas e eu", contendo clássicos da MPB, como "Nossos momentos" (Haroldo Barbosa - Luis Reis), que fez sucesso.
Em 2005, lançou pela gravadora Trama o CD "Hoje", produzido por César Camargo Mariano, onde Gal reuniu várias canções novas de compositores pouco conhecidos do grande público, tendo se destacado "Mar e sol" (Carlos Rennó e Lokua Kanza).
Em 2006 realiza temporada na casa de shows Blue Note, em Nova York, espetáculo que é gravado e lançado em setembro no CD "Gal Costa Live At The Blue Note", lançado originalmente nos Estados Unidos e Japão e somente em 2007 no Brasil. Ainda em 2006 lança pela gravadora Trama o CD e DVD "Gal Costa Ao Vivo", gravados durante a temporada do show "Hoje".
Em 2009, Reclusa nos últimos anos para se dedicar ao filho que adotou, Gal Costa vai voltar aos palcos como convidada de Dionne Warwick em show que estreia no Rio de Janeiro (em 7 de maio, na casa Vivo Rio), passa por Curitiba (em 8 de maio, no Teatro Positivo), chega a São Paulo (em 9 de maio, na casa HSBC Brasil) e sai de cena em Porto Alegre (em 12 de maio, no Teatro do Sesi). Aquarela do Brasil - o samba-exaltação de Ary Barroso que deu título a discos lançados tanto por Gal (em 1980) como por Dionne (em 1995) - é um dos duetos previstos no show. A cantora vai estar presente no DVD do cantor baiano Ricardo Chaves, seu primo, fazendo participação na canção Sorriso Lindo.
Discografia
Universal Music/Polygram/Philips
Domingo (com Caetano Veloso) (1967)
Gal Costa (1969)
Gal (1969)
Legal (1970)
Fa-Tal - Gal a Todo Vapor - ao vivo (1971)
Índia (1973)
Temporada de Verão - Ao Vivo na Bahia (com Caetano Veloso e Gilberto Gil) (1974)
Cantar (1974)
Gal Canta Caymmi (1976)
Doces Bárbaros - ao vivo (com Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia) (1976)
Caras e Bocas (1977)
Água Viva (1978)
Gal Tropical (1979)
Aquarela do Brasil (1980)
Fantasia (1981)
Minha Voz (1982)
Baby Gal (1983)
Sony BMG/BMG/RCA
Profana (1984)
Bem Bom (1985)
Lua de Mel Como o Diabo Gosta (1987)
Plural (1990)
Gal (1992)
O Sorriso do Gato de Alice (1993)
Mina d'Água do Meu Canto (1995)
Acústico MTV - ao vivo (1997)
Aquele Frevo Axé (1998)
Gal Costa Canta Tom Jobim Ao Vivo (1999)
Gal de Tantos Amores (2001)
Abril Music
Bossa Tropical (2002)
Indie Records
Todas as Coisas e Eu (2003)
Trama
Hoje (álbum) (2005)
Gal Costa Live At The Blue Note (2006)
Gal Costa Ao Vivo (2006)
[editar] DVD
Acústico MTV 1997
Gal Costa Canta Tom Jobim Ao Vivo 2000
Outros (Doces) Bárbaros 2004
Ensaio 2005
Roda Viva 2005
Gal Costa Ao Vivo 2006
Participações Em álbuns de outros artistas
Circuladô, Caetano Veloso, O Cu Do Mundo
20 Anos, Convida Boca Livre, Ponta de Areia
Joyce Joyce, Mistérios
Rita Lee, Bossa N'Roll ao Vivo, Rita Lee, Mania de Você
Duetos com Mestre Lua, Luiz Gonzaga, Forró Nº 1
Tom Jobim e Convidados, Tom Jobim, Tema de amor por Gabriela
O Melhor de Mercedes Sosa, Mercedes Sosa, Volver a Los 17
Maria Bethânia, Maria Bethânia, Oração de Mãe Menininha
Acústico e Ao Vivo, Vários, Flor da pele (Pot-pourri)
Maria Bethânia - Novo Millennium, Maria Bethânia, Sonho Meu
Maria Bethânia - Novo Millennium, Maria Bethânia, Oração de Mãe Menininha
Essas Parcerias, Francis Hime, Um Dueto
Bethânia Revisitada, Maria Bethânia, Sonho meu
Milton Nascimento Ao Vivo, Solar e Um Gosto de Sol
Em DVD de outros artistas
Carnaval, Balancê
Carnaval, Pegando fogo
Phono 73 - O Canto De Um Povo, Oração de Mãe Menininha
Phono 73 - O Canto De Um Povo, Sebastiana
Phono 73 - O Canto De Um Povo, Trem das onze
Phono 73 - O Canto De Um Povo, Sebastiana
Phono 73 - O Canto De Um Povo, Orações de Mãe Bethânia
Show Viva Brasil em Paris, Garota de Ipanema
Show Viva Brasil em Paris, Falsa Baiana
Participação em especiais de TV
Mulher 80 - Globo'79
Maria da Graça Costa Pena Burgos - Globo
Programa do Faustão Rede Globo - 98
Gal e Caetano no Metropolitan RJ - Multishow
SBT Repórter comemorativo dos 50 anos
Noite de Reveillon / 96 -
Projeto Atlântico - RTP1
Índia / 1973 - Rede Bandeirantes
Gal - Rede Manchete / 1994
Baby Gal- Rede Globo
Gal canta Tom Jobim - Direct TV (nov/1999)
[editar] tourneés
Caras e Bocas (1977)
Gal Tropical (1979 - 1980)
Fantasia (1981)
Festa do Interior (1982)
Baby Gal (1983 - 1984)
Profana (1984 - 1985
Lua de Mel Como o Diabo Gosta (1988)
Plural (1990 - 1991)
O Sorriso do Gato de Alice (1994)
Mina D'Água do Teu Canto (1995)
Acústico MTV (1997 - 1998)
Aquele Freveo Axé (1998 - 1999)
Todas as Coisas e Eu (2004)
Hoje (2005)
[editar] Canções em trilhas sonoras de novelas, minisséries e seriados
Ruas de outono (Paraíso Tropical)
Solidão (O Dono do Mundo)
Desafinado (Bambolê)
Brasil (Vale Tudo)
Jovens tardes de domingo (Zazá)
Pra você (Torre de Babel)
Caminhos do mar (Porto dos Milagres)
Dono dos teus olhos (Senhora do Destino)
Mar e sol (Viver a Vida e Prova de Amor)
Nossos momentos (Celebridade)
Noites cariocas - minhas noites sem sono (Água Viva)
Chuva de prata (Um Sonho a Mais)
Viver e reviver (Bebê a Bordo)
Alguém me disse (Tieta)
Nua idéia (Rainha da Sucata)
Caminhos cruzados (Mulheres de Areia e O Profeta)
Eternamente (Escrito nas Estrelas)
De amor eu morrerei (Os Inocentes)
De fogo, luz e paixão - com Marcelo (Pecado Rasgado)
Um dueto - com Francis Hime (Vereda Tropical)
Simples carinho (Negócio da China)
Coisa mais linda (Belíssima)
Só louco (O Casarão e O Quinto dos Infernos)
Tigresa (Espelho Mágico)
Todo beijo - com Marcelo (As Pupilas do Senhor Reitor e Éramos Seis)
Canta Brasil (Deus nos Acuda)
Modinha para Gabriela (Gabriela)
E daí - Proibição inútil e ilegal (Ciranda de Pedra)
Me faz bem (Fera Radical)
Linda flor (Alma Gêmea)
Futuros amantes (História de Amor)
Baby - com Caetano Veloso (Anos Rebeldes e Ninho da Serpente)
Alguém que olhe por mim - com Cauby Peixoto (A Próxima Vítima)
Qual é baiana (Como salvar meu casamento)
Samba do avião (Amor e Intrigas)
O amor em paz (Mulheres Apaixonadas)
Mercedita (A Casa das Sete Mulheres)
Meu bem meu mal (Brilhante e Queridos Amigos)
Errática (Pátria Minha)
Solitude (Dancin'Days e João Brasileiro, o Bom Baiano)
Dom de iludir (Louco Amor)
Eu acredito (Barriga de Aluguel)
Pra machucar meu coração (Eterna Magia)
Coração vagabundo - com Caetano Veloso (Gina e A Revolta dos Anjos)
Verbos do amor (Final Feliz)
Roda baiana (Terras do Sem Fim)
Nada mais (Corpo a Corpo)
Sábado em Copacabana / Copacabana (JK)
Paula e Bebeto (Malu Mulher)
Força estranha (Os Gigantes)
Epitáfio (Jamais te Esquecerei)
Inquietação (Fascinação)
Beguin the beguine (Os ricos também choram)
Bloco do prazer (Campeão)
Folhetim (Cara a Cara)
Lindeza (A Idade da Loba e Antônio Alves, o Taxista)
Luz do sol (Sabor de Mel)
As time goes by (Metamorphoses)
Pérola negra (Tempo de Viver)
Dez anos (Ciranda de Pedra e Dinheiro Vivo)
O amor (Anjo de Mim)
Jogada pelo mundo (O amor é nosso)
Baby (Transas e Caretas)
Sexo e luz (Bicho do Mato)
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