segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
"ROGÉRIO DUARTE"
Rogério Duarte Guimarães (Ubaíra, 10 de abril de 1939), é um desenhista, músico, escritor e intelectual brasileiro.
Intelectual multimédia baiano, Rogério Duarte é artista gráfico, músico, compositor, poeta, tradutor e professor. Nos anos 60 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como diretor de arte da UNE e da Editora Vozes. Foi o autor de vários cartazes para filmes de seu amigo Glauber Rocha, como Deus e o diabo na terra do sol (símbolo do cinema nacional), Terra em transe e A idade da terra.
Também criou, para este último, a trilha sonora. Entre os vários artistas com os quais colaborou, contam-se Gilberto Gil, Caetano Veloso, João Gilberto,
Jorge Ben e Gal Costa.
Considerado um dos mentores intelectuais do movimento tropicalista, Rogério foi também um dos primeiros a ser preso e a denunciar publicamente a tortura no regime militar. Preso juntamente com seu irmão Ronaldo Duarte, o caso mobilizou artistas e mereceu ampla divulgaçao no jornal carioca Correio da Manhã, que publicou uma carta coletiva pedindo a libertação dos "Irmãos Duarte".
Com o endurecimento da ditadura e a promulgação do AI-5, Rogério foi para a clandestinidade e iniciou a sua fase "transcendental" que o levou a estudar o sânscrito e iniciar a tradução do Bhagavad Gita, lançado por ele anos mais tarde, acompanhado de um CD com a participação de vários artistas, com o título de Canção do Divino Mestre. Também é de sua autoria o livro Tropicaos onde, entre outras coisas, fala da prisão, tortura e de sua versão sobre o movimento tropicalista.
domingo, 25 de setembro de 2011
"ASSIM ASSADO"
O nome da banda e a capa do disco revelam explicitamente a influência: Secos e Molhados. Investindo na androgenia, no rock progressivo e no samba-soul, Assim Assado tentou ser uma resposta da pequena Companhia Industrial de Discos ao enorme sucesso que os Secos e Molhados faziam junto ao público jovem. Liderado por Miguel de Deus (ex-Brazões), que assina a maioria das composições e assume a guitarra e os vocais, o grupo nunca chegou a decolar, deixando apenas esse único disco, hoje quase esquecido. Curiosidade: em 1977 Miguel de Deus cai de cabeça no funk, lançando o bastante interessante (e raro) “Black Soul Brothers”.
domingo, 22 de maio de 2011
"LULA CORTÊS & ZÉ RAMALHO"
A primeira vez que o Brasil ouviu Zé Ramalho da Paraíba foi na voz de Vanusa, que gravou a canção Avohay em seu disco “Vanusa - 30 Anos”, em 1977, pela Som Livre. Um ano após, já sem o ‘Paraíba”, Zé Ramalho ganhou as paradas nacionais com sua enigmática e encantadora mistura sonora. Antes disso, noi entanto, tão fantástica quanto suas letras, a história de Zé Ramalho registra a gravação de um disco que ficou perdido nos escaninhos do tempo.
Trata-se do raríssimo álbum duplo “Paêbirú”, creditado a Lula Cortês e Zé Ramalho, gravado entre os meses de outubro e dezembro de 1974, na gravadora Rozemblit, em Recife (PE). Com eles, estão Paulo Rafael, Robertinho de Recife, Geraldo Azevedo e Alceu Valença, entre outros. Na época, Lula Cortês tinha em seu currículo o álbum “Satwa” (1973), que trazia canções com título como “Alegro Piradíssimo”, “Blues do Cachorro Louco” e “Valsa dos Cogumelos”. Zé Ramalho, já tocando com Alceu Valença, tinha em sua bagagem a experiência de grupos de Jovem Guarda e beatlemania, como Os Quatro Loucos, o mais importante de todo o Nordeste.
Clássico do pós-tropicalismo, com (over)doses de psicodelia, o álbum trazia seus quatro lados dedicados aos elementos “água, terra, fogo e ar”. Nesse clima, rolam canções como o medley “Trilha de Sumé/Culto à Terra/Bailado das Muscarias”, com seus13 minutos de violas, flautas, baixão pesado, guitarras, rabecas, pianos, sopros, chocalhos e vocais “árabes”, ou a curta e ultra-psicodélica “Raga dos Raios”, com uma fuzz-guitar ensandecida. E, destaque do álbum, a obra-prima “Nas Paredes da Pedra Encantada, Os segredos Talhados Por Sumé” (regravada por Jorge Cabeleira, com participação de Zé Ramalho), com seu baixo sacado de Goin’ Home dos Rolling Stones sustentando os mais pirados 7 minutos do que se pode chamar de psicodelia brasileira.
O disco por si só é uma lenda, mas ficou mais interessante ainda pelas situações que envolveram a sua gravação. A gravadora Rozenblit ficava na beira do rio Capiberibe, e o disco, depois de gravado, foi levado por uma das enchentes que assolavam a região. Conta a lenda que sobraram apenas umas trezentas cópias do disco, hoje nas mãos de poucos e felizardos colecionadores, muitas das quais no exterior, onde foram parar a preço de ouro. Contando com a co-produção do grupo multimídia Abrakadabra, o disco trazia um rico encarte, que também sucumbiu ao aguaceiro.
Hoje “top 10” das paradas de CDr no país e ítem valioso no mercado internacional de raridades psicodélicas, o álbum segue misteriosamente inédito no mundo digital. Com isso, a indústria dicográfica brasileira perde uma boa oportunidade de provar que se preocupa um pouco mais do que com o tilintar da caixa-registradora. “Paêbirú”, que quer dizer “o caminho do sol” (para os incas), poderia ser o primeiro de uma série de raridades a ganhar a luz do dia, para ocupar uma fatia de mercado que, se pequena comercialmente, é fundamental para a preservação da cultura musical brasileira.
segunda-feira, 11 de abril de 2011
"FLAVIOLA E O BANDO DO SOL"
Outro representante da geração nordestina pós-tropicalismo, que teve em Paêbirú, de Lula Côrtes e Zé Ramalho, sua expressão mais radical. Também pernambucano, Flaviola e o Bando do Sol gravou apenas um álbum, lançado pelo selo local Solar, em 1974. Com base em ritmos regionais, produziram um raro mix de folk-rock-psicodelia, que permanece com extrema atualidade. Instrumental rico, na base de violões, violas, guitarras, flautas e percussão.
segunda-feira, 14 de março de 2011
"GUILHERME ARAÚJO"
Guilherme Araújo (Rio de Janeiro, 1937 - 21 de Março de 2007) foi um produtor musical brasileiro.
Guilherme destacou-se no meio artístico após dirigir o show "Recital", de Maria Bethânia, realizado na boite Cangaceiro do Rio de Janeiro, em 1966.
Foi uma figura importante para o lançamento da Tropicália, em 1967, atuando como empresário de Caetano Velosoe Gilberto Gil que foram morar com Guilherme em Londres, quando a barra da ditadura peso para os baianos. Guilherme foi o responsável por mudanças importantes na carreira de outra baiana, Maria da Graça, que adotou o antigo apelido da infância Gal Costa, em Salvador, como nome artístico por sugestão de Araújo. O empresário achava que Maria da Graça era nome de cantora de fados. Ele também mudou o visual de Gal a partir do show/disco Gal Tropical - marco na carreira da cantora que abandonou de vez o visual hippie, passando a se apresentar de maneira mais sofisticada.
Ficou conhecido por atuar na produção, na seleção de repertório e de músicos, nos roteiros dos shows e na própria imagem dos artistas.
Em 2001, o produtor doou a sua casa, em Ipanema, que foi transformada no Centro Cultural Guilherme Araújo.
Guilherme foi internado no Hospital Clínica de Ipanema, no Rio de Janeiro no dia 6 de Março de 2007 devido a uma infecção na perna esquerda que precisou ser amputada. Além disso, o produtor de 70 anos era hipertenso, diabético e cardíaco. Viria a falecer naquela unidade de saúde no dia 21 de Março de 2007, devido a uma infecção generalizada.
O produtor nunca casou nem teve filhos. Sobrevive-lhe a irmã, Marilza Araújo, com quem vivia e um outro irmão que vive fora do Rio de Janeiro.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
"NARA LEÃO"
Nara Lofego Leão (Vitória, 19 de janeiro de 1942 — Espirito Santo, 7 de junho de 1989) foi uma cantora brasileira.
Filha caçula do casal capixaba Jairo e Altina Leão, Mudou-se para o Rio de Janeiro com um ano, com os pais e a irmã, a jornalista Danuza Leão. Na infância teve aulas de violão com o cantor Patrício Teixeira, aderindo posteriormente a um repertório de bossa nova, que começava a ganhar destaque no cenário musical brasileiro.
A bossa nova nasceu em reuniões no apartamento da cantora em Copacabana, reuniões das quais participavam nomes que seriam consagrados no gênero, como Roberto Menescal, Carlos Lyra, Sérgio Mendes e Ronaldo Bôscoli, dentre outros.
O título de musa da Bossa Nova foi a ela creditado: dentre as interpretações mais conhecidas, destacam-se O barquinho, A Banda e Com Açúcar e com Afeto — feita a seu pedido, por Chico Buarque, cantor e compositor a quem homenagearia nesse disco homônimo lançado em 1980.
A estréia profissional se deu quando da participação, ao lado de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, na comédia Pobre Menina Rica (1963). A consagração dá-se, de modo efetivo, após o movimento militar de 1964, com a apresentação do espetáculo Opinião, ao lado de João do Valle e Zé Keti, um espetáculo de crítica social à dura repressão imposta pelo regime militar. Maria Bethânia, por sua vez, a substituiria no ano seguinte, interpretando Carcará que foi o primeiro sucesso radiofônico, já que Nara precisou se afastar por problemas de saúde.
Nota-se que Nara Leão adotou posturas musicais diferentes nos anos 60. De musa da Bossa Nova, ela depois passou a ser cantora de protesto, simpatizada com as atividades dos Centros Populares de Cultura da UNE. Embora os CPC’s já haviam sido extintos pela ditadura, em 1964, o espetáculo Opinião tem forte influência no estado de espírito cepecista. Depois Nara aderiu ao Tropicalismo, tendo feito parte do LP Tropicália ou Panis et Circensis, lançado pela Philips em 1968 e disponível hoje em CD.
Em 1966, interpretou a canção A Banda, de Chico Buarque no Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), que ganhou o festival e público brasileiro.
Já casada com o cineasta Cacá Diegues, na época da ditadura militar, morou por três anos em Paris onde nasceu a filha Isabel que, posteriormente, ganharia um irmão —Francisco.
Nessa época, Nara visou abandonar a música para estudar psicologia na PUC do Rio de Janeiro, porém seu plano não obteve êxito. Nara não chegou a deixar a profissão de cantor, apenas diminuiu o ritmo e modificou o estilo dos espetáculos. A execução das canções pelas rádios se deu num dueto com Chico Buarque em João e Maria.
Morreu na manhã de 7 de junho de 1989 vítima de um câncer cerebral aos 47 anos de idade. O último disco foi My foolish heart, lançado naquele mesmo ano, interpretando versões de clássicos americanos. Nessa época, o Brasil, às vésperas da eclosão brega-popularesca da década seguinte (Chitãozinho & Xororó, Só Pra Contrariar, Zezé di Camargo & Luciano, DJ Marlboro, É O Tchan, Mamonas Assassinas), fez a sua Bossa Nova ter popularidade maior em outros países, como Estados Unidos da América e Japão.
Em 2002 os discos que foram lançados originalmente em LPs foram relançados em duas caixas separadas, uma com o período 1964-1975 e a outra 1977-1989, trazendo também faixas-bônus e um livreto sobre a biografia.
domingo, 30 de janeiro de 2011
"JARDS MACALÉ"
Cantor, violonista, compositor, arranjador e ator, o carioca Jards Anet da Silva viveu desde cedo em meio à música, seja ouvindo, tocando ou estudando, chegando a trabalhar como copista do maestro Severino Araújo. No futebol, porém, era uma negação: ganhou dos amigos de pelada o apelido de Macalé em “homenagem” ao pior jogador do Botafogo da época.
Amigo dos músicos baianos, em 1966 dirigiu um show de Maria Bethânia. Acompanhou de perto o Tropicalismo e, em 1969, entrou sob vaias no IV Festival Internacional da Canção, numa teatral apresentação do rock “Gotham City”. Em 1970, Macalé foi a Londres a convite de caetano veloso para produzir “transa”,Jards não só produziu como formou a banda e fez os arranjos dessa obra prima de exílio de caetano veloso.lamentavelmente jards não foi creditado no encarte do lp gerando um desconforto de caetano e a mágoa de jards macalé.nesse tempo suas músicas foram gravadas por Gal Costa (“Hotel das Estrelas”, “Vapor Barato”), Maria Bethânia (“Anjo Exterminado” e “Movimento dos Barcos”) e Clara Nunes (“O Mais-Que-Perfeito”), resolveu fazer, na volta para o Brasil, seu primeiro LP solo, “Jards Macalé” (1972). No ano seguinte, gravou ao vivo, com vários artistas, o “Banquete dos Mendigos”, disco duplo para comemorar o 25º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Censurado, o álbum só saiu anos mais tarde. Em 1974, Macalé lançou o LP “Aprender a Nadar”, apresentando a linha de morbeza (morbidez + beleza) romântica do parceiro Waly Salomão. Num dos vários lances de irreverência de sua carreira, alugou uma das barcas da Cantareira para fazer o lançamento do disco e terminou o show jogando-se no mar. Em 1987, lançou o LP “Quatro Batutas e um Curinga” e curtiu um hiato fonográfico de 11 anos, rompido por “O Q Faço É Música”. Nesse meio tempo, seu trabalho veio sendo reconhecido tanto pelos jovens músicos (“Gotham City” foi regravada pelo Camisa de Vênus e “Vapor Barato” pelo Rappa) quanto pelos veteranos (Moreira da Silva, rei do samba de breque, passou-lhe o chapéu).
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