quinta-feira, 3 de junho de 2010

" GILBERTO GIL "


Gilberto Passos Gil Moreira (Salvador,26 de junho de 1942) é um músico e político brasileiro.
Gilberto Gil nasceu no bairro do Tororó, em Salvador, na Bahia. Seu pai, o médico José Gil Moreira e sua mãe Claudina, em busca de uma vida melhor, mudam do bairro pobre da capital baiana para o interior do Estado,em Ituaçu, à época um lugarejo com cerca de oitocentos habitantes. Ali Gil passou os primeiros oito anos de vida. Deste período o artista registra a influência das músicas ouvidas, sobretudo no rádio:
…os meus primeiros momentos de ouvir música, tudo se passou numa época em que Luiz Gonzaga, principalmente lá no Nordeste, onde eu vivia, lá na caatinga, era praticamente o canto mesmo da região…
Com oito anos volta para Salvador, onde estuda no Colégio Maristas, e frequenta uma academia de acordeon. Quando estava no secundário, recebeu da mãe um violão e conhece o trabalho de João Gilberto, que lhe influencia de imediato.

Nos tempos de faculdade de Administração, Gil conhece Caetano Veloso, sua irmã Bethânia, Gal Costa e Tom Zé. Realizam a primeira apresentação na inauguração do Teatro Vila Velha em junho de 1964 - com o show "Nós, Por Exemplo".
Formou-se em 1965 e muda-se com a esposa Belina para São Paulo.
Formado em administração de empresas, seu primeiro emprego em São Paulo foi na Gessy Lever. Nos anos 1970, Gil acrescentou elementos novos da música africana, norte-americana e jamaicana (reggae), ao já vasto repertório, e continuou lançando álbuns como Realce e Refazenda. João Gilberto gravou a canção "Eu Vim da Bahia", de Gil, no clássico LP João Gilberto.

Anos 1960 e 1970

Em fins de 1968, Gil e Caetano Veloso, cuja importância no Brasil era, e é, de certa forma comparável à de John Lennon e Paul McCartney no mundo anglófono, foram presos pelo regime militar brasileiro instaurado após 1964 devido a supostas atividades subversivas, de que foram taxados. Ambos exilaram-se por ocasião do AI-5 (Ato Institucional 5) do governo militar em vigência no Brasil a partir de 1969 em Londres.
Nos anos 1970 iniciou uma turnê pelos Estados Unidos e gravou um álbum em inglês. De volta ao Brasil, em 1975 Gil grava Refazenda, um dos mais importantes trabalhos que, ao lado de Refavela, gravado após uma viagem ao continente africano, e Realce, formariam uma trilogia RE. Refavela traria a canção "Sandra", onde, de forma metafórica, Gil falaria sobre a experiência de ter sido preso por porte de drogas durante um excursão ao sul do país e ter sido condenado à permanência em manicômio judiciário, ou conforme denominação eufemística, casa de custódia e tratamento, entretanto designada por Gil como hospício.
Fechamento da trilogia, Realce causaria certa polêmica quando alguns considerariam a canção título como uma ode ao uso de cocaína, isto talvez explicitado pelos versos: realce, quanto mais purpurina melhor.
Ao lado dos colegas Caetano Veloso e Gal Costa, lançou o disco Doces Bárbaros, do grupo batizado com o mesmo nome e idealizado por Maria Bethânia, que era um dos vocais da banda. O disco é considerado uma obra-prima; apesar disto, na época do lançamento (1976) foi duramente criticado. Doces Bárbaros foi tema de filme, DVD e enredo da escola de samba GRES Estação Primeira de Mangueira em 1994, com o enredo Atrás da verde-e-rosa só não vai quem já morreu, puxadores de trio elétrico no carnaval de Salvador, apresentaram-se na praia de Copacabana e para a Rainha da Inglaterra. O quarteto Doces Bárbaros era uma típica banda hippie dos anos 1970.

Inicialmente o disco seria gravado em estúdio, mas por sugestão de Gal e Bethânia, foi o espetáculo que ficou registrado em disco, sendo quatro daquelas canções gravadas pouco tempo antes no compacto duplo de estúdio, com as canções "Esotérico", "Chuckberry Fields Forever", "São João Xangô Menino" e "O seu amor", todas gravações raras.

Anos 1980
Gil se apresentou com Jimmy Cliff com quem fez, em 1980, uma excursão, pouco depois de ter feito uma versão em português de "No Woman, No Cry" (em português, "Não chores mais") sucesso de Bob Marley & The Wailers que foi um grande sucesso, trazendo a influência musical do reggae para o Brasil.
Originalmente idealizado para a montagem do ballet teatro do Balé Teatro Guaíra (Curitiba, 1982), o espetáculo O Grande Circo Místico foi lançado em 1983. Gil integrou o grupo seleto de intérpretes que viajou o país durante dois anos com o projeto, um dos maiores e mais completos espetáculos teatrais já apresentados, para uma plateia de mais de duzentas mil pessoas. Gil interpretou a canção "Sobre todas as coisas" composta pela dupla Chico Buarque e Edu Lobo. O espetáculo conta a história de amor entre um aristocrata e uma acrobata e da saga da grande família austríaca proprietária do Grande Circo Knie, que vagava pelo mundo nas primeiras décadas do século.
Valendo-se ainda do filão engajado da pós-ditadura, cantou no coro da versão brasileira de "We Are the World", o hit americano que juntou vozes e levantou fundos para a África ou USA for Africa. O projeto Nordeste Já (1985), abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes num compacto, de criação coletiva, com as canções "Chega de Mágoa" e "Seca d'Água"; é de Gil a autoria da composição de "Chega de Mágoa". Elogiado pela competência das interpretações individuais, foi no entanto criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada uma delas no coro.
Dentre as inúmeras composições consagradas pelo próprio Gil e na voz de outros intérpretes, estão: "Procissão", "Estrela", "Vamos Fugir", "Aquele Abraço", "A Paz", "Sítio do Pica-Pau Amarelo", "Esperando na Janela", "Domingo no Parque", "Drão", "No Woman, No Cry", "Só Chamei Porque Te Amo", "Não Chores Mais [Woman No Cry]", "Andar com Fé", "Se Eu Quiser Falar com Deus", "Divino Maravilhoso", "A Linha e o Linho", "Com Medo com Pedro", "Objeto Sim Objeto Não", "Three Little Birds", "Ela", "Pela Internet", "A Novidade", "Morena", "A Raça Humana", "Palco", "Realce", e outras.
Compôs para dezenas de artistas, como Elis Regina, Simone, Maria Bethânia, Gal Costa, Zizi Possi, Daniela Mercury, Carla Visi e Ivete Sangalo.

Política

Gil na Política.Em 1989, mesmo gravando, fazendo espetáculos e se envolvendo em causas sociais, elegeu-se vereador em Salvador, sua cidade natal, pelo Partido Verde (PV).
Em janeiro de 2003, quando o presidente Luís Inácio Lula da Silva tomou posse, nomeou-o para o cargo de ministro da Cultura, nomeação que originou severas críticas de personalidades como Paulo Autran e Marco Nanini em entrevistas à Folha de São Paulo.
Entretanto, permaneceu no cargo de ministro por cinco anos e meio. Deixou o ministério em 30 de julho de 2008 para voltar a dedicar-se com maior exclusividade à sua vida artística.Em 28 de agosto participou da solenidade de posse oficial de seu sucessor no ministério, Juca Ferreira.

Ele teve uma recaída e quer voltar a ser um grande artista. Gil não é imprescindível apenas para a política.

— Presidente Lula ao comentar a saída de Gil do ministério.

Cargos

De 1989 — 1992 foi vereador na Câmara Municipal de Salvador (teve exatos 11.111 votos)
De 2 de janeiro de 2003 — 30 de julho de 2008 foi ministro da Cultura.


Festivais

A primeira apresentação de Gilberto Gil em São Paulo ocorreu em 1965 quando cantou a música "Iemanjá", no V Festival da Balança, festival universitário de música promovido pelo Diretório Acadêmico João Mendes Jr. da Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie. O Festival organizado pelo estudante de Direito Manoel Poladian, que mais tarde viria se tornar produtor musical, foi gravado pela gravadora RCA, e trata-se da primeira gravação em disco de Gilberto Gil e também de Maria Bethânia que participou do Festival com a música Carcará, o primeiro grande sucesso radiofônico, que a tornou nacionalmente conhecida.
Com Domingo no Parque, ao lado de Os Mutantes, causou sensação no Festival de Música da Record em 1967.
Gil foi também o único latino a participar do Festival da Ilha de Wight, em 1970, representando a Tropicália, ao lado dos maiores astros do rock-pop mundial da época, como The Who, Jimi Hendrix, Emerson, Lake and Palmer e The Doors.

Tropicalismo

Ver artigo principal: Tropicalismo
Quando se realizou o III Festival de Música Popular Brasileira, produzido pela Rede Record, apareceram várias composições que tiveram enorme êxito junto ao público brasileiro e entre elas estavam Domingo no Parque, de Gilberto Gil e Alegria, Alegria, de Caetano Veloso, que seriam o carro-chefe do tropicalismo, surgido "mais de uma preocupação entusiasmada pela discussão do novo do que propriamente como movimento organizado".

Segundo Celso F. Favaretto, em seu livro "Tropicália - Alegria, Alegria":

O procedimento inicial do tropicalismo inseria-se na linha de modernidade: incorporava o caráter explosivo do momento às experiências culturais que vinham se processando; retrabalhava, além disso, as informações então vividas como necessidade, que passavam pelo filtro da importação. Este trabalho consistia em redescobrir e criticar a tradição, segundo a vivência do cosmopolitismo dos processos artísticos, e a sensibilidade pelas coisas do Brasil.
O que chegava, seja por exigência de transformar as linguagens das diversas áreas artísticas, seja pela indústria cultural, foi acolhido e misturado à tradição musical brasileira. Assim, o tropicalismo definiu um projeto que elidia as dicotomias estéticas do momento, sem negar, no entanto, a posição privilegiada que a música popular ocupava na discussão das questões políticas e culturais. Com isto, o tropicalismo levou à área da música popular uma discussão que se colocava no mesmo nível da que já vinha ocorrendo em outras, principalmente o teatro, o cinema e a literatura. Entretanto, em função da mistura que realizou, com os elementos da indústria cultural e os materiais da tradição brasileira, deslocou tal discussão dos limites em que fora situada, nos termos da oposição entre arte participante e arte alienada. O tropicalismo elaborou uma nova linguagem da canção, exigindo que se reformulassem os critérios de sua apreciação, até então determinados pelo enfoque da crítica literária. Pode-se dizer que o tropicalismo realizou no Brasil a autonomia da canção, estabelecendo-a como um objeto enfim reconhecível como verdadeiramente artístico.


— Celso F. Favaretto

Tropicália, canção de Caetano Veloso, é um autêntico exemplo da verdadeira revolução operada na estrutura letrista da canção popular e da necessidade de se reestudar então os critérios de avaliação e compreensão da nova linguagem utilizada.

Em confronto com a Bossa Nova, o tropicalismo teve como preocupação principal os problemas sociais do país, aliada a uma ideologia libertadora, a um inconformismo diante da maneira de viver do povo brasileiro, o que gerou uma crescente onda de participação popular, em face dos agravantes problemas por que sofria a nação. Já a Bossa Nova quis mostrar uma nova concepção musical, calcada na versatilidade que a música brasileira oferece.
Os responsáveis diretos pelo tropicalismo, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Torquato Neto, Tom Zé, Rogério Duprat e outros, sem dúvida alguma, deram um salto a mais na modernização da música popular, buscando formas alternativas de composição e explorando uma concepção artística de mudança radical, dentro de um clima favorável. Foi impressionante sua importância nesse sentido, pois, sendo o último grande movimento realizado no país, deixou marcas que seriam cultivadas com o amadurecimento de seus próprios criadores e daqueles que seguiram sua linha de pensamento.

Exílio

Caetano Veloso e Gilberto Gil, líderes do tropicalismo, também estavam entre aqueles que tiveram cerceadas suas carreiras no Brasil, em seu período mais repressivo. Através de músicas de protesto e do próprio tropicalismo, lançaram a semente da conscientização e agitaram a opinião pública, sendo então enquadrados na lei de segurança nacional e expulsos do país. Seguiram para Londres, onde, segundo alguns fãs, viveram uma de suas melhores fases, no setor artístico. Compondo em inglês, conquistaram facilmente o público europeu; livres da influência da repressão, puderam deixar fluir em suas composições toda liberdade de expressão a que tinham direito. Somente retornariam ao solo pátrio, em 1972. Apresentando-se no programa Som Livre Exportação, declararam publicamente que continuariam trabalhando em prol da música popular brasileira.

Algumas composições

"A Novidade", (1986)
"Amor até o Fim", (1966)
"Andar com Fé" (1982)
"Aquele Abraço", (1969)
"Barato Total", (1974)
"Cálice" (com Chico Buarque), (1973)
"Divino Maravilhoso" (com Caetano Veloso)
"Domingo no Parque" (1967)
"Eu Vim da Bahia" (1966)
"Expresso 2222" (1972)
"Geléia Geral" (com Torquato Neto), (1968)
"Meio-de-Campo" (1973)
"Oriente" (1972)
"Procissão" (1965)
"Se Eu Quiser Falar com Deus"
"Soy Loco Por Ti America" (com Capinam e Torquato Neto) (1967)
"Toda Menina Baiana"
"Vamos Fugir"

Prêmios

3 de setembro de 2003 - recebe o Grammy Latino prêmio de Personalidade do Ano - Miami
Maio de 2005 - recebe o Polar Music Prize do Rei Carlos XVI Gustavo da Suécia
15 de dezembro de 2006 - é premiado com o título Doutor Honoris Causa pela Universidade de Aveiro.
Gilberto Gil é um dos principais defensores do Software Livre e da Liberdade Digital. Em 29 de janeiro de 2005, durante um debate sobre Software Livre no Fórum Social Mundial 2005, foi muito aplaudido após defender o Software Livre e a Liberdade Digital. Algumas de suas palavras neste debate:
A batalha do software livre, da Internet livre e das conexões livres vão muito além delas, de seus interesses. É a mais importante, e também a mais interessante, e a mais atual das batalhas políticas. Claro que há uma revolução francesa, ou várias revoluções francesas, a fazer no planeta, seja dentro dos países, seja no comércio internacional. Ainda nos defrontamos não apenas com discursos do século XIX, mas também com realidades do Século 19. Mas não podemos secundarizar o presente. E o futuro.

— Gilberto Gil

Não se trata de um movimento "anti", mas de um movimento "pro", ou seja, a favor da valorização e da disseminação de uma nova cidadania global, da capacidade de autodeterminação das pessoas, de novas formas de interação e articulação, da liberdade real de produção e difusão da subjetividade, da busca do saber, da informação, do exercício da sensibilidade e da coletividade. E como estou valorizando o lado "pro" do Fórum, quero propor a vocês a constituição imediata, a partir deste encontro, de uma convocação global pela liberdade digital da humanidade, complementar à convocação global pela erradicação da pobreza lançada por diversas ONGs neste Fórum e abraçada pelo presidente Lula. Sejamos corajosos e substantivos em relação a isso.

— Gilberto Gil

Todo esse movimento visa uma mudança de comportamento social muito maior que repensa a forma como é tratado o direito autoral hoje.

Lembrando que Gilberto Gil participou recentemente de um disco livre promovido mundialmente pela Creative Commons com a música Oslodum.

Em 11 de Março de 2007, o jornal estadunidense The New York Times dedicou uma matéria aos esforços de Gilberto Gil em relação a "flexibilizar direitos autorais". A matéria, intitulada Gilberto Gil Hears the Future, Some Rights Reserved (Gil ouve o futuro, com alguns direitos reservados) elogia o trabalho do ministro da cultura quanto à aliança formada com a Creative Commons em 2003, uma de suas primeiras ações como ministro. "Minha visão pessoal é que a cultura digital traz consigo uma nova idéia de propriedade intelectual, e que esta nova cultura de compartilhamento pode e deve informar políticas governamentais.", disse Gil.

Discografia

1963 - Salvador - 1962/1963
1967 - Louvação
1968 - Gilberto Gil
1968 - Tropicália - (com Os Mutantes, Caetano Veloso, Nara Leão e Gal Costa, etc)
1969 - Gilberto Gil
1970 - Copacabana Mon Amour
1971 - Gilberto Gil (Nega)
1972 - Barra 69 - Caetano e Gil Ao Vivo na Bahia
1972 - Expresso 2222
1974 - Gilberto Gil ao Vivo
1975 - Refazenda
1975 - Gil & Jorge - Ogum - Xangô
1977 - Refavela
1978 - Gilberto Gil ao Vivo em Montreux
1978 - Refestança
1979 - Nightingale
1979 - Realce
1981 - Brasil
1981 - Luar (A Gente Precisa Ver o Luar)
1981 - Um Banda Um
1983 - Extra [WEA Latina]
1984 - Quilombo (Trilha Sonora)
1984 - Raça Humana
1985 - Dia Dorim Noite Neon
1987 - Gilberto Gil em Concerto
1987 - Trem Para as Estrelas (Trilha Sonora)
1988 - Ao Vivo em Tóquio (Live in Tokyo)
1989 - O Eterno Deus Mu Dança
1991 - Parabolicamará
1994 - Acústico MTV (disco de platina)
1995 - Esoterico: Live in USA 1994
1995 - Oriente: Live in Tokyo
1996 - Em Concerto
1996 - Luar
1997 - Indigo Blue
1997 - Quanta (disco de ouro)
1998 - Ao Vivo em Tóquio (Live in Tokyo) [Braziloid]
1998 - O Sol de Oslo
1998 - O Viramundo (Ao Vivo)
1998 - Quanta Gente Veio Ver
1998 - Ensaio Geral (caixa com gravações de 1967 a 1977)
2000 - Me, You, Them [Brazil]
2001 - Milton e Gil (disco de ouro)
2001 - São João Vivo (disco de ouro)
2002 - Kaya N'Gan Daya (disco de ouro)
2002 - Quanta Live [Brazil]
2002 - Z: 300 Anos de Zumbi
2004 - Eletrácustico (disco de ouro)
2005 - Ao Vivo
2005 - As Canções de Eu, Tu, Eles (disco de platina)
2005 - Soul of Brazil
2006 - Gil Luminoso
2006 - Rhythms of Bahia
2008 - Banda Larga Cordel
2009 - BandaDois - Ao Vivo

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